Único do PL a votar contra marco temporal cita 'ascendência indígena'
O deputado federal Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP) foi o único parlamentar do seu partido a votar contra o marco temporal aprovado pela Câmara ontem (30). Em entrevista ao jornal O Globo, ele citou sua "ascendência indígena" como justificativa para o posicionamento.
O que aconteceu:
Antonio Carlos disse que sua bisavó era indígena. "Eu sou o único do PL que tem ascendência indígena, a minha bisavó nasceu em Itapecerica da Serra (município de São Paulo) e era índia. Não preciso falar mais nada".
Porém, o deputado evitou criticar o partido pelo apoio maciço ao projeto. "Eu não entro no mérito, eu estou falando de ascendência. Não posso votar contra minha ascendência".
Antonio Carlos disse que ele foi liberado pelo próprio partido para votar contra. "Fui liberado porque eu tenho ascendência de índio, jamais iria votar contra minha origem".
Marco temporal:
A Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei do marco temporal para a demarcação de terras indígenas, por 283 votos a favor, 155 contra e uma abstenção. A proposta — que limita a demarcação de terras indígenas e enfraquece direitos indígenas — seguirá para análise do Senado.
A aprovação é uma vitória da bancada ruralista sobre a agenda ambiental defendida pelo governo Lula (PT). Eleito com a promessa de fazer demarcações, o petista criou o Ministério dos Povos Indígenas. As ações do governo, no entanto, não se refletiram no Congresso — com a falta de articulação política, os governistas não conseguiram impedir a derrota na votação.
Mesmo partidos com ministérios votaram a favor do projeto. Entre essas siglas, o União Brasil foi o que registrou mais apoio, com 48 votos "sim.