Brasil agora exporta mais barcos do que importa
Segundo a Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar), no ano passado, as exportações do setor bateram recorde e somaram US$ 30,1 milhões, volume quase quatro vezes superior às importações (US$ 7,6 milhões). Em 2021, o País já havia exportado quase a mesma cifra (US$ 29,9 milhões), mas as importações chegaram a US$ 75,7 milhões.
Para o presidente da Acobar, Eduardo Colunna, o setor está "começando a colher os frutos" de uma iniciativa de quase uma década que ganhou força nos últimos quatro anos. "(O setor) Sempre ficou de fora (das exportações) por erro dos próprios estaleiros, que não investiram na operação."
A expectativa agora, diz, é de crescimento anual de cerca de 20% só com exportações.
Fatores como taxa de câmbio favorável e o desenvolvimento de modelos atraentes para o público estrangeiro favoreceram as vendas externas. Além disso, Colunna diz que, durante a pandemia, houve uma "descoberta do mar".
Segundo ele, em fevereiro, ao menos seis empresas brasileiras expuseram no Miami Boat Show, o maior evento náutico do mundo. "Tem empresa exportando mais de 40% da produção", garante. Ele diz que os barcos nacionais "não devem nada" aos estrangeiros.
Venda para a 'mamma'
Em março, pela primeira vez, a marca italiana Azimut Yachts, que produz iates em Itajaí (SC) desde 2010, exportou para a Itália uma unidade do megaiate 27 Metri, embarcação de luxo que no Brasil custa a partir de R$ 54 milhões.
Segundo o CEO da fábrica no País, o italiano Francesco Caputo, a única unidade da marca fora da Itália nasceu para atender o mercado brasileiro, mas segundo ele havia um cliente que precisava receber o iate a tempo de aproveitar a temporada de navegação europeia, que começa em abril.
A meta da Azimut do Brasil é exportar 35% da produção este ano, estimada em 42 barcos. O volume deve superar R$ 500 milhões. No ano passado, a exportação representou 20% da produção. O estaleiro tem modelos feitos "já pensando em exportação", diz o executivo.
Segundo Caputo, o custo menor da mão de obra no Brasil ajuda na competitividade, mas a vantagem se dilui nos custos de transporte.
Eduardo Colunna, da Acobar, aponta ainda o sistema drawback como um aliado para a exportação. Por meio dele, itens importados destinados à construção de produtos a serem exportados entram no País sem recolhimento de tributos, como forma de incentivo à exportação. É o caso, por exemplo, dos motores.
Por concentrar 29 empresas do setor, que geram 1.100 empregos diretos, e que em 2022 contribuíram com R$ 611 milhões em impostos, Itajaí é uma espécie de "ABC dos barcos", em referência ao polo da indústria automotiva em São Paulo. "De cada dez barcos produzidos no Brasil, sete saem de Itajaí", diz o secretário de Desenvolvimento Econômico da cidade, Thiago Morastoni. Ele estima que, desse volume, entre 25% e 30% são destinados à exportação.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.