Alvo de boicote na ONU: quem é Lavrov, aliado de Putin que vem ao Brasil
O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, chega hoje ao Brasil para um encontro no Itamaraty com o presidente Lula e o ministro Mauro Vieira. A conversa acontece em meio à tentativa do presidente brasileiro de mediar um acordo para diminuir as tensões entre Rússia e Ucrânia.
Quem é Serguei Lavrov?
Ministro das Relações Exteriores da Rússia por quase duas décadas. Ele ocupa a função desde 2004 e é considerado homem de confiança do presidente russo Vladimir Putin.
Ele defende a invasão da Rússia na Ucrânia. E também protesta contra o que ele e Putin chamam de tentativas do Ocidente de restringir a Rússia e dominar assuntos globais.
Foi alvo de boicote durante a exibição de seu discurso na ONU. Delegações da Ucrânia e de países do Ocidente deixaram a sala em protesto em março de 2022.
Lavrov causou indignação na comunidade judaica internacional. Isso ocorreu em maio de 2022, quando ele justificou a acusação de nazismo contra a Ucrânia afirmando que, como o presidente Volodymyr Zelensky, Hitler também tinha "sangue judeu";
Teve bens congelados nos EUA, Canadá, Reino Unido, União Europeia. Assim como Putin, Lavrov foi incluído na lista de pessoas atingidas por sanções relacionadas à invasão da Ucrânia pela Rússia. O chanceler também foi proibido de entrar nos Estados Unidos. Isso aconteceu em fevereiro de 2022, quando começou a guerra.
O que Lavrov vem fazer no Brasil?
O ministro de Putin terá um encontro com Mauro Vieira. Depois, ambos fazem declaração sem direito a perguntas à imprensa.
Ele também conversará com Lula. E, na sequência, está prevista uma reunião com o ex-chanceler Celso Amorim, atual assessor-chefe da assessoria especial da Presidência da República.
Lavrov disse que a parceria da Rússia com a América Latina não ameaça ninguém. Em artigo publicado na Folha de São Paulo, o ministro também criticou os Estados Unidos. Escreveu que há uma "política flagrantemente agressiva dos EUA e dos seus aliados para expandir irresponsavelmente a Otan".
Depois da visita de dois dias ao Brasil, o ministro russo visita Cuba e Venezuela.
Na política externa russa, a América Latina e o Caribe ocupam posição prioritária. Não queremos que essa região se torne um palco de combates entre potências. A nossa cooperação com os países da América Latina baseia-se em abordagens desideologizadas e pragmáticas e não ameaça ninguém.
Serguei Lavrov, na Folha de S. Paulo
"Armadilha de Putin", rebate jornalista russo exilado. Também na Folha, Konstantin Eggert chamou de "armadilha" a aproximação do governo russo com o Brasil. "O governo brasileiro poderia aproveitar a visita de Lavrov para condenar a invasão de Putin dizendo a seu ministro que a única solução justa e duradoura do conflito é que a Rússia saia de todos os territórios ocupados da Ucrânia, incluindo a Crimeia", escreveu.
O que mais ele fez?
Em 2009, ele participou de uma cerimônia com a então Secretária de Estado dos EUA, Hilary Clinton, em uma tentativa de melhorar a relação entre Moscou e Washington.
Lavrov representou a federação da Rússia na ONU entre 1994 e 2004.