Professores de Portugal vão às ruas protestar por melhores salários
Por Catarina Demony e Miguel Pereira
LISBOA (Reuters) - Dezenas de milhares de professores foram às ruas de Lisboa neste sábado em um dos maiores protestos em Portugal nos últimos anos, no momento em que o governo socialista enfrenta uma onda de descontentamento pelo elevado custo de vida.
"Fomos maltratados por muito tempo", disse a professora de língua portuguesa Maria Coelho, de 55 anos, enquanto segurava um cartaz com a palavra "Respeito" no protesto organizado pelo sindicato Fenprof.
"Estamos aqui hoje e estaremos aqui por muito mais por viro", acrescentou.
O sindicato disse esperar que mais de 100.000 pessoas participem do protesto. Nenhuma estimativa de presença da polícia estava imediatamente disponível.
Essa foi a terceira vez em menos de um mês que professores e trabalhadores escolares realizaram manifestações de massa em Portugal.
Os professores na escala salarial mais baixa ganham cerca de 1.100 euros por mês, mas mesmo os professores nas faixas mais altas normalmente ganham menos de 2.000 euros. Eles também querem que o governo acelere a progressão na carreira.
"Sinto-me roubada todos os dias da minha vida", disse a professora de necessidades especiais Albertina Baltazar. "Respeito pela nossa profissão."
O ministro da Educação, João Costa, disse que as negociações com os sindicatos de professores estão em andamento e que devem chegar a um acordo em breve.
Um ano depois de o primeiro-ministro socialista António Costa ter obtido a maioria no Parlamento, ele enfrenta uma queda na popularidade e protestos de rua não apenas de professores, mas de outros profissionais.
Portugal é um dos países mais pobres da Europa Ocidental, com dados do governo mostrando que mais de 50% dos trabalhadores ganhavam menos de 1.000 euros por mês no ano passado. O salário mínimo é de 760 euros por mês.
Os preços das casas em Portugal subiram 18,7% em 2022, o maior aumento em três décadas, e os aluguéis também aumentaram significativamente.