França julga extremistas de direita por planejar matar Macron
Os promotores dizem que os 13 membros de um grupo chamado "Les Barjols" planejavam atacar Macron a facadas durante uma aparição pública em 2018. O julgamento dos 11 homens e duas mulheres, com idades entre 26 e 66 anos, começou no início da tarde.
Detetives, que grampearam conversas telefônicas por quatro anos, disseram que os suspeitos também planejavam matar imigrantes e atacar mesquitas, mas nenhum dos planos foi colocado em prática.
Como resultado, os promotores abrandaram algumas das acusações iniciais ao longo da investigação. A principal acusação remanescente é a de "conspiração para cometer ato terrorista", passível de uma pena máxima de dez anos de prisão.
Segundo Lucile Collot, uma das advogadas de defesa, o caso da promotoria teria se baseado "na ficção de que um ato violento ia acontecer".
Denúncia motivou investigação
Em 2018, os serviços de inteligência da França receberam a denúncia de que um militante de extrema direita baseado nos Alpes planejava atacar Macron durante a comemoração do Dia do Armistício, o fim simbólico da Primeira Guerra Mundial, celebrado em novembro em Verdun, no nordeste da França.
As autoridades começaram a investigar o caso em 31 de outubro, num contexto de raiva social fervente na França devido ao aumento dos preços dos combustíveis, que resultaria mais tarde no surgimento do movimento de protesto"coletes amarelos".
Em 6 de novembro, a polícia prendeu no departamento de Mosela, no nordeste, o militante de extrema direita Jean-Pierre Bouyer, então com 62 anos, e três outros suspeitos de ligações com a extrema direita.
Ao realizar uma busca no carro de Bouyer, as autoridades encontraram uma faca de combate e um colete do Exército. Em sua casa, descobriram armas de fogo e munições.
A polícia prendeu os outros membros do movimento "Les Barjols". Este se formara no Facebook em 2017 e realizava reuniões secretas, tomando como novo o apelido dado pela população do Mali aos soldados franceses que participaram da intervenção militar no país africano em 2013.
Plano de explodir mesquitas e sequestrar parlamentares
Denis Collinet, apontado como líder do grupo, foi preso em 2020. Segundo os promotores, uma reunião realizada na região do Mosela marcou o início da conspiração: os membros fizeram planos de explodir mesquitas e matar Macron, assim como de sequestrar membros do Parlamento e derrubar o governo.
Durante algumas reuniões, os membros do grupo teriam praticado tiro ao alvo e treinamento em técnicas de primeiros socorros. Em postagens no Facebook, Bouyer pediu a seus seguidores para "eliminar aqueles que querem prejudicá-los" e chamou Macron de "um pequeno ditador histérico".
Durante a detenção, Bouyer disse à polícia que queria "matar Macron". Ele insinuou que um dos outros acusados esperava abordar o presidente durante um encontro no meio da multidão e atacá-lo com uma faca com lâmina de cerâmica. Mais tarde, porém, disse terem sido apenas conversas hostis.
"Ele admite que houve tais discussões, mas elas nunca foram adiante", disse sua advogada Olivia Ronen à agência de notícias AFP. Segundo ela, a promotoria não conseguiu colocar os comentários hostis de seu cliente sobre Macron "no contexto da época".
Mas os promotores devem argumentar no tribunal que os planos do grupo eram de "perturbar seriamente a ordem pública através da intimidação e do terror" e que ele já existia muito antes do surgimento do movimento de protesto "coletes amarelos".
Os acusados tinham "opiniões divergentes sobre o governo" e fizeram comentários "às vezes extremos", reconheceu um advogado de defesa, Gabriel Dumenil: "Mas isso significa que eles pretendiam agir e atentar contra a vida do chefe de Estado? A resposta é não."
O julgamento deve se estender até 3 de fevereiro.
fc/av (AFP, ots)