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Ato golpista: empresária que organizou ônibus trabalhou com político do PL

Fátima Pleti, 61, está entre as pessoas presas após a invasão ao Congresso - Reprodução/ Facebook
Fátima Pleti, 61, está entre as pessoas presas após a invasão ao Congresso Imagem: Reprodução/ Facebook
Camila Turtelli e Simone Machado
do UOL

Do UOL e colaboração para o UOL, em Brasília e São José do Rio Preto (SP)

14/01/2023 04h00Atualizada em 14/01/2023 19h32

A empresária bolsonarista Fátima Aparecida Pleti, 61, que organizou uma excursão de ônibus para levar militantes de Bauru (interior de SP) ao ato golpista em Brasília no último domingo (8), é uma das presas que foram encaminhadas para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia.

Fátima embarcou para Brasília no início da noite de sábado com um grupo de apoiadores do ex-presidente. O local de partida foi um posto de combustíveis às margens da rodovia Marechal Rondon. O UOL tentou com contato Fátima e sua família por meio das redes sociais, mas não obteve resposta até a publicação dessa matéria.

Trabalho nas eleições de 2022

Na Junta Comercial de São Paulo, Fátima consta como dona de uma lavanderia e tinturaria que fica no centro de Bauru (a 178 km da capital paulista). A empresa foi aberta em 2009.

Apesar de ter o próprio negócio, ela trabalhou nas eleições de 2022, na campanha do candidato a deputado estadual Luiz Carlos Valle (PL), que não se elegeu.

Valle disse ao UOL que contratou Fátima como cabo eleitoral por ela ser muito ativa nos grupos de Whatsapp bolsonaristas e que ela não tinha antecedentes criminais.

"Uma típica tia do Zap", afirmou Valle. Fátima dizia também ser prima de segundo grau do Marcos Pontes (PL), ex-ministro do governo Bolsonaro — o UOL procurou o senador eleito para tentar confirmar essa informação, mas até a publicação não teve resposta.

A empresária recebeu R$ 2.000 da campanha de Valle, segundo a prestação de contas do candidato.

Em publicação em suas redes sociais, a empresária deu detalhes da viagem, como a gratuidade do transporte e hospedagem.

Além disso, ela convocou moradores de municípios próximos de Bauru, como Pirajuí, Piratininga e Jaú, para irem com ela, dizendo que o veículo passaria por esses locais.

O retorno do grupo estava marcado para quarta-feira (11). No entanto, além de Fátima outras pessoas da mesma excursão também acabaram detidas em Brasília.

A viagem de cerca de 900 km foi feita em um ônibus semileito, com ar-condicionado, televisão e wi-fi. O veículo pertence a uma empresa de turismo de Jaú e tem capacidade para 42 passageiros. Ainda não se sabe quem financiou o transporte.

Em outra publicação, já no dia da invasão, a empresária, que já estava em Brasília, afirmou que organizava mais um ônibus que sairia de Bauru com destino ao Distrito Federal.

Na postagem, Fátima diz que estava buscando verba para que a viagem não gerasse custos aos apoiadores. Ela pedia doações por pix e divulgou um email, como chave. O UOL constatou que a chave foi desativada.

Fátima tem participado de atos bolsonaristas pelo menos desde setembro. Ela esteve nas manifestações a favor de Bolsonaro em São Paulo, no feriado de 7 de setembro. Na ocasião, ela se dirigiu à capital paulista em um ônibus fretado com dezenas de apoiadores do ex-presidente.

Três dias depois da manifestação, Fátima divulgou diversas fotos com o senador eleito Marcos Pontes (PL), que também é de Bauru.

Reação ao resultado das urnas

Muito ativa nas redes sociais e em grupos de conversas de bolsonaristas, ela se mostrou indignada com a derrota do ex-presidente e decidiu ir à manifestação em frente ao quartel do Exército em Bauru.

Casada e mãe de quatro filhas, a empresária ia quase que diariamente ao local com outros apoiadores.

No início de dezembro de 2022, chegou a viajar até Brasília para entregar a deputados um relatório sobre supostas fraudes no segundo turno das eleições presidenciais no país — as eleições no Brasil são legítimas, e nunca houve fraude comprovadas nas urnas eletrônicas. O documento teria sido feito por bolsonaristas.

Apoiadora da prefeita

Fátima também ficou conhecida pelos corredores da Câmara Municipal de Bauru. Ela é apoiadora da atual prefeita da cidade, Suéllen Rosim (PSC), eleita em 2020 com declarações de apoio a Bolsonaro.

Rosim foi alvo de um pedido de cassação, no ano passado, por supostas irregularidades na desapropriação de 16 imóveis para a Secretaria Municipal de Educação. O pedido chegou até o plenário da Casa, mas acabou sendo rejeitado.

No dia 12 de setembro, no entanto, o pedido de cassação foi votado e aprovado pela comissão processante. Durante essa votação, Fátima chegou a arrancar faixas de sindicatos que protestavam no plenário da Câmara e substituir por uma bandeira do Brasil. Segundo fontes, a empresária também discutiu com as pessoas favoráveis à cassação da prefeita.

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