Cientistas pedem prudência no uso de biotecnologia genética
Mais de 100 cientistas e especialistas do mundo todo pediram, nesta sexta-feira (9), prudência na hora de utilizar a biotecnologia genética, que permite a difusão de organismos modificados na natureza.
Publicado enquanto acontece a conferência da ONU sobre biodiversidade (COP15) em Montreal (Canadá), o manifesto pede "respeito ao princípio da precaução" em escala mundial.
O texto foi redigido por iniciativa de uma ONG francesa, a Pollinis, e foi assinado por ecologistas, biólogos moleculares e especialistas em genética, entre outros.
"Enquanto não existirem provas suficientes que demonstrem a inocuidade dos efeitos diretos e indiretos de uma aplicação destas novas biotecnologias genéticas e de seus produtos, organismos e componentes", os responsáveis políticos devem mostrar prudência "em escala mundial", afirmam.
"Estas biotecnologias poderiam prejudicar as populações de insetos polinizadores e precipitar seu declínio", advertem os especialistas.
A COP15, que vai até o dia 19 de dezembro, tem em sua agenda esse ponto controverso, que engloba todo tipo de técnicas de manipulação genética de seres vivos.
Ao contrário dos organismos geneticamente modificados (OGM), conhecidos como "transgênicos", que receberam um gene externo, os animais e plantas manipulados com tecnologias como Crispr-Cas9 e Talen experimentam modificações definitivas em sua própria cadeia genética, por exemplo, para esterilizar os mosquitos portadores da malária.
No caso das plantas, essas modificações podem melhorar sua resistência aos vírus e ao estresse hídrico.
"É impossível intervir no genoma de um indivíduo sem interagir com toda a espécie, outras espécies e, de forma geral, com o conjunto dos seres vivos", adverte no texto Nicolas Laarman, delegado-geral da Pollinis.
Os delegados da COP15 ainda têm 10 dias para discutir uma eventual moratória desses procedimentos.
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