Gladson Cameli (PP) é reeleito governador do Acre em 1º turno
Gladson Cameli (PP) se reelegeu governador do Acre e vai comandar o estado até 2026, completando oito anos no poder. Assim como aconteceu nas últimas eleições, Cameli se elegeu ainda no 1º turno derrotando outros seis candidatos. Ele teve 242.100 votos (56,75% do total). O principal adversário que buscava um lugar no 2º turno era o ex-governador Jorge Viana (PT), apoiado por Luiz Inácio Lula da Silva.
Com a vitória do candidato do PP, o Acre reforça a ruptura com uma antiga tradição. O estado foi governado pelo PT por 20 anos, até 2018, quando Cameli foi eleito para o seu primeiro mandato.
A aliança costurada por Cameli para conseguir se reeleger contou com o apoio do PSDB, Podemos, PDT, Solidariedade, Cidadania, DC, PMB, Patriotas e PMN. Cameli chegou a declarar apoio a Jair Bolsonaro em diversas oportunidades e também recebeu o apoio do atual presidente.
Além de Bolsonaro, outros nomes fortes da política nacional como o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira (PP), e o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), estiveram no palanque do governador.
A vitória de Gladson Cameli confirma a liderança que ocupava nas pesquisas desde o início, sempre com um percentual de votos rondando a casa dos 50% e com reais possibilidades de liquidar a fatura no 1º turno.
Gladson Cameli declarou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) possuir um patrimônio que ultrapassa a barreira dos R$ 5 milhões. O bem mais valioso declarado pelo candidato foi uma aeronave particular avaliada em R$ 1,5 milhão. Cameli ainda possui um terreno, um imóvel, dois veículos que somados, os valores ultrapassam a casa de R$ 1 milhão, e também percentuais de empresas.
A campanha do candidato foi 100% financiada pela direção nacional de seu partido. Sem contar com nenhum outro tipo de receita em sua campanha, Cameli recebeu mais de R$ 4 milhões do PP. Desse valor, foram declarados como gastos ao TSE 2,8 milhões, sendo a maior parte em serviços de publicidade e marketing, além de gastos com um escritório de advocacia na casa dos R$ 500 mil.
Desmatamento e invasão de terras indígenas
Propostas oficiais do plano de governo de Cameli prometem a ampliação das "ações de monitoramento e fiscalização para combate às queimadas e desmatamento ilegal" e "desburocratizar o sistema de licenciamento ambiental". Ele também defende a proteção dos interesses dos povos indígenas como território, identidade cultural e tradições.
Na prática, entretanto, a realidade é outra, levando-se em consideração que Cameli governa o Acre desde 2019. Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que entre 2018 e 2022 o desmatamento no Acre dobrou de 444 km² para 871 km². Além disso, de acordo com a Comissão Pró-Índio do Acre, cerca de um terço das terras indígenas do estado aguardam regularização e são alvo de invasões por parte de madeireiros.
Dados do Mapbiomas Brasil, uma ONG formada por universidades e empresas de tecnologia, inclusive, apontam que em 2020, 84.925 hectares foram desmatados no Acre. No mesmo ano, quando Cameli já era governador, as terras destinadas à pecuária aumentaram 84.735 hectares.
Quem é Gladson Cameli
Gladson Cameli nasceu no município de Cruzeiro do Sul, no Acre. Tem 44 anos. Na adolescência se mudou para Manaus, onde concluiu o ensino médio, aos 17 anos de idade. Cursou engenharia civil no Instituto Luterano de Ensino Superior de Manaus.
Sua trajetória política começou cedo, também por influência familiar. Ele é sobrinho do ex-governador do Acre Orleir Cameli, que governou o estado entre 1995 e 1999.
Gladson Cameli foi membro do Conselho Municipal da Juventude e filiado ao PFL de 2000 a 2003 e ao PPS de 2003 a 2005. Já filiado ao PP, com 28 anos, foi eleito pela primeira vez para o cargo de deputado federal, em 2006. Nas eleições de 2010 se reelegeu como deputado federal alcançando a expressiva marca de mais de 30 mil votos.
Em 2014, depois de dois mandatos como deputado, foi eleito senador. Em 2018 foi eleito governador do Acre no 1º turno com 53% dos votos.