Salvadorenhos comemoram a Independência em meio a protestos contra Bukele
Os salvadorenhos comemoraram nesta quinta-feira (15) com uma parada militar e estudantil os 201 anos da Independência, enquanto membros de organizações sociais protestaram nas ruas contra o regime de exceção com o qual o governo luta contra as gangues.
Milhares de salvadorenhos foram a uma importante avenida na zona oeste de San Salvador, por onde passou o desfile, do qual participaram soldados das Forças Armadas, policiais e estudantes do ensino médio.
Os soldados com o rosto pintado, roupas camufladas e fuzis de assalto nas mãos, repetiam lemas militares, enquanto desfilavam em veículos com artilharia, alguns dos quais são usados na segurança pública, em apoio à luta contra as gangues.
"Depois de dois anos (...) estamos desfrutando um desfile da Independência, em um ambiente mais seguro para toda a família, há menos violência", assegurou à AFP Haydé Tobar, de 43 anos, professora que assistiu ao desfile com a família.
El Salvador, Honduras, Guatemala, Nicarágua e Costa Rica comemoram no dia 15 de setembro a assinatura da ata de Independência da América Central, com a qual romperam os laços com o império espanhol em 1821.
Enquanto isso, nas ruas próximas avançava uma marcha da qual participaram cerca de 1.500 membros de organizações sociais que protestavam, entre outras razões, contra o regime de exceção com o qual o governo de Nayib Bukele luta contra as gangues.
Um cartaz exibido pelos manifestantes pedia o fim do "regime de exceção" de Bukele.
"O regime de exceção serviu para violar direitos humanos de muitos inocentes, nem todos os presos são delinquentes e isso não importa ao governo. Esse regime deve parar", avaliou o ex-coordenador-geral da opositora e esquerdista Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), Medardo González.
Durante a marcha de protesto, manifestantes gritavam "liberdade, liberdade", enquanto exibiam fotos de pessoas presas em virtude do regime de exceção.
Na quarta-feira, o Congresso aprovou, a pedido do governo, a sexta prorrogação, por 30 dias, do regime de exceção, instaurado em resposta à escalada de 87 homicídios cometidos entre 25 e 27 de março.
Este regime de exceção se estendeu até pelo menos 18 de outubro e permitiu prender, sem ordem judicial, pouco mais de 52.000 pessoas, supostos membros de gangues.
Os manifestantes também se pronunciaram contra o alto custo de vida e pediram melhores salários e empregos.
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