Brasileiras são premiadas no mais importante festival internacional de cinema fantástico
Duas brasileiras foram premiadas no Festival Internacional de Cinema Fantástico da Catalunha, o mais importante do mundo nesse gênero. O filme islandês "Lamb" ficou com o prêmio máximo do festival neste sábado (16).
Na seção paralela, o prêmio de melhor direção foi para a cineasta carioca Anita Rocha da Silveira por "Medusa", uma denúncia da onda de conservadorismo religioso no Brasil "mais perto da realidade" do que da distopia, disse a diretora em sua passagem pelo Festival de Cannes, em julho.
Já o prêmio Blood Widow para o melhor filme fantástico foi para "A nuvem rosa", o primeiro longa-metragem da brasileira Iuli Gerbase, que explora as relações de casal em um mundo no qual uma nuvem rosa tóxica obriga toda a população do planeta a se confinar por anos em suas casas.
Uma história estranhamente profética, mas que foi escrita e gravada pouco antes da chegada da covid-19.
Já o filme islandês "Lamb", de Valdimar Jóhannsson, se concentra na vida de María (interpretada pela atriz sueca Noomi Rapace, que estava em Sitges) e Ingvar, isolados com seu rebanho de cordeiros em uma ilha islandesa, que após uma perda dolorosa adotam um estranho recém-nascido entre bebê e ovelha.
Na seção paralela Novas Visões, triunfou "El apego", de Valentín Javier Diment, que nos leva para uma clínica argentina dos anos 1970 onde são praticados abortos clandestinos, no conjunto de um melodrama selvagem e violento que se sustenta no intenso duelo interpretativo de suas duas protagonistas, Jimena Anganuzzi e Lola Berthet.
Normalidade
A 54ª edição do concurso - que termina neste domingo (17), na cidade costeira de Sitges, a 40 km ao sul de Barcelona, na Espanha - recuperou quase totalmente a normalidade, após uma edição em 2020 marcada pela pandemia.
Multidões de fãs de cinema de terror, ciência, ficção ou policial voltaram para as ruas da cidade, com as salas com a capacidade limitada a 70%, mas que desde sexta-feira (15) foram liberadas, após a decisão das autoridades de levantar as restrições.
Também voltaram as homenagens aos convidados internacionais, como a própria Noomi Rapace - conhecida mundialmente pela sua personagem Lisbeth Salander da saga Millenium - e o diretor japonês de animação Mamoru Hosoda, que veio apresentar "Belle", sua versão particular de "A Bela e a Fera" em tempos de redes sociais.
O festival, inaugurado pela primeira vez em sua longa história com um filme dirigido por uma mulher ("Mona Lisa and the Blood Moon", de Ana Lily Amirpour), nessa edição, contou com uma iniciativa para dar visibilidade ao talento feminino no gênero fantástico.