Diferença de Bolsonaro com Hitler e Mussolini é que ele não consegue articular o discurso de ódio, diz professor da UERJ
O cientista político Carlos Milani, professor da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), analisa os protestos recentes realizados no Brasil, que trazem à tona as incertezas sobre transição política no país. Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro não tem força suficiente para articular um golpe. Mas seus opositores também não conseguem avançar em um processo de impeachment.
"O [protesto] de 7 de setembro deixou claro que o Bolsonaro não tem força para dar um golpe", afirma o professor. Ao mesmo tempo, "à medida que as eleições se aproximam, o que vai ficar claro é que os agentes políticos vão estar agindo muito mais em função das eleições que se aproximam do que apenas de um 'Fora Bolsonaro'", avalia o cientista político.
Para o professor, sempre pode haver uma surpresa, mas a tendência é que o impeachment não aconteça e o atual presidente perca as eleições. "Bolsonaro não consegue articular um discurso coerente, ou construir frases. A tática da confusão é permanente", resume.
"A fala dele na Paulista é uma fala de puro ódio. A expressão do rosto de Bolsonaro, se colocarmos em paralelo a expressão do rosto de Mussolini, e de Hitler, a diferença é muito pequena. É um discurso de muito ódio, com a diferença, talvez, de que ele não consiga, diferentemente das lideranças fascista e nazista, articular coerentemente um discurso", completa.
Para Milani, o avanço da campanha presidencial e o anúncio das coalizões vão determinar o tom dos próximos protestos contra o presidente. O professor também explica que atualmente há um jogo de poder entre centro-direita e o centro-esquerda, em função das eleições. "É difícil unir todos esses movimentos e todos esses partidos, se olharmos para a trajetória histórica recente da política brasileira", avalia.
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