Papa Francisco aceita renúncia de polêmico bispo espanhol
Segundo a nota oficial da Conferência Episcopal Espanhola, a renúncia foi feita "por razões estritamente pessoais" e Novell "tomou a decisão depois de um período de reflexão, de discernimento e de oração, ao final do qual espontaneamente apresentou ao Santo Padre a sua própria situação e a demissão do governo pastoral da Diocese de Solsona".
Ao longo dos últimos anos, Novell passou de bispo mais jovem da Espanha - após nomeação do papa Bento 16 quando tinha 41 anos - para um religioso conhecido por conta de sua posição contrária às pessoas homossexuais e por envolvimento político na busca pela independência da Catalunha.
Em maio de 2017, o conselho da cidade de Cervera, praticamente vizinha de Solsona, declarou o religioso como "persona non grata" pouco depois dele declarar que "a homossexualidade pode ser relacionada a uma figura paterna ausente e distante".
Já no dia 28 de maio deste ano, o bispo precisou deixar a igreja de Santa Maria de Alba, em Tàrrega, escoltado pela Mossos d'Esquadra, pela polícia local e por alguns paroquianos depois que alguns ativistas LGBTQIA+ convocaram uma manifestação contra ele. Por conta das frases, os conselhos comunais da cidade e de Mollerussa, que são parte da diocese que ele comandava, rejeitaram visitas formais de Novell.
No dia seguinte, o prefeito de Solsona, David Rodríguez, disse que as declarações do religioso eram "infelizes" e que estava conversando com ele para uma retificação.
Em 1º de junho, o bispo pediu desculpas "para os pais de homossexuais que se sentiram mal por conta das declarações", afirmando que não queria ofender ninguém. Mas, na mesma nota, disse que era "para continuar a apresentar sem medo a visão cristã das pessoas e das consequências morais que decorrem disso".
Novell também causou confusão por sua posição política na Catalunha. Em particular, em setembro de 2013, antes das manifestações para fazer um plebiscito de independência, aconselhou os párocos a "não participarem" dos protestos, que ocorreriam em 11 de setembro.
Em um artigo publicado pouco antes da manifestação, que acabou reunindo milhares de pessoas, a Diocese de Solsona emitiu uma nota - sem a assinatura de Novell - dizendo que os catalães tinham o direito de votar e se manifestar, assegurando que a Catalunha "satisfaz os elementos da doutrina social da Igreja que indica a realidade de uma nação: cultura, língua e história".
Dois anos depois, em 27 de setembro de 2015, Novell publicou um artigo em que demonstrava abertamente o apoio à independência catalã. (ANSA).