Jogadores da seleção farão manifesto, mas devem anunciar que disputarão Copa América
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Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os jogadores da seleção brasileira de futebol devem divulgar na terça-feira um manifesto com críticas à realização da Copa América no Brasil, mas ao mesmo tempo devem anunciar a decisão de disputar o torneio, disseram fontes com conhecimento do assunto em caráter sigiloso.
A competição continental, marcada para começar no fim de semana, está confirmada, apesar de não ser uma unanimidade e das críticas que atraiu por acontecer em meio à pandemia de Covid-19, que matou mais de 473 mil pessoas no Brasil;
Segundo uma das fontes, os jogadores da seleção brasileira, que joga na terça pelas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 contra o Paraguai, devem apresentar um manifesto após a partida em Assunção.
"Eles querem se manifestar e se pronunciar sobre a necessidade da competição num momento como esse", disse uma fonte próxima à seleção. No mesmo documento, os jogadores devem confirmar sua participação no torneio.
O Brasil foi escolhido sede da Copa América na semana passada, após Colômbia, por causa da instabilidade social, e Argentina, devido à pandemia, desistirem de sediar o evento.
Os jogadores do Brasil foram "pegos de surpresa" pela decisão em meio à preparação para os jogos das eliminatórias. Eles receberam a visita do então presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, agora afastado por causa de denúncia de assédio sexual contra uma funcionária da entidade, e o dirigente não os informou que o Brasil poderia sediar a competição.
A relação de jogadores e comissão técnica da seleção com o dirigente ficou abalada e surgiu a ideia do manifesto. O afastamento de Caboclo da CBF no fim de semana diminuiu as tensões. O presidente afastado da entidade negou em nota as acusações de assédio.
"A Copa América está confirmada. Já estão sendo investidos milhões de dólares, já há uma mobilização de pessoas e esforços, credenciamento e todas as 10 seleções", disse uma segunda fonte "No fim de semana, o presidente (Jair) Bolsonaro participou de uma teleconferência com a Conmebol para tomar pé da competição e deu todo respaldo à Copa América", acrescentou.
A realização da Copa América no Brasil, que vem registrando há meses elevado número de casos e mortes causadas pela Covid-19, além de alta ocupação de leitos de UTI, é alvo de críticas de vários setores, apesar de autoridades afirmarem que protocolos serão adotados, como a vacinação de atletas.
"A Copa América aqui é um total desserviço e só ajuda o vírus. Mesmo vacinada, a pessoa ainda pode pegar a doença e disseminar o vírus. Por mais que não haja público nos estádios, há sempre uma mobilização. Estamos as vésperas do inverno e com um ritmo de vacinação que deixa a desejar no Brasil", disse à Reuters a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Chrystina Barros.
(Edição de Eduardo Simões)