"Ela deveria ter vindo na primeira semana. Deveria ter abraçado a causa e visto o que essa população precisa, realmente", disse Risoleti, em entrevista ao UOL, em tom de indignação.
A avó disse que chegou a falar com a primeira-dama e a questionou do objetivo da viagem até Saudades.
"Eu perguntei para ela o que ela veio fazer aqui. Ela falou que veio trazer um suporte, veio trazer alguma coisa para a cidade. A cidade você pode olhar em volta. Não precisa trazer nada. A cidade é bem construída. [Tem] um povo trabalhador, que se esforça. A cidade precisa ser olhada. (...) Eu perguntei para ela se ela trouxe algum projeto para ajudar o povo. Daí ela pediu o meu telefone e vai entrar em contato comigo. Eu falei 'a vida da minha neta não volta'. A vida da professora [choro] não volta, que trabalhava com meu filho. Mas eu vou lutar. A vida da minha neta não foi em vão. Não foi. Eu vou lutar para que essa cidade seja vista", desabafou ela, em seguida.
A avó também reclamou da ausência de outros moradores no local para cobrar medidas. "Cadê a população", questionou. Na visita, Michelle Bolsonaro e Damares Alves só conversaram com familiares das pessoas que perderam a vida, segundo ela.
"Que paz que tem aqui? Paz onde se fica reprimido dentro de casa? Paz onde a sociedade não pode falar?! Onde a sociedade sofre com medo de perder o emprego, medo disso e daquilo?! Sofri na pele aqui dentro dessa cidade.(...) Eu estou aqui para gritar em favor do povo, que não pode vir aqui. Que teve medo de vir à rua e gritar pelas 'saudades'. A minha Bella não volta. O sorriso do meu filho nunca mais volta. Nunca mais. [choro] Mas eu vim aqui... A minha indignação é tanta que eu já chorei tanto hoje, mas tanto, que a minha vontade é de explodir."
O pai de uma das crianças contou que, ao saber do ataque, foi às pressas para a escola e não encontrou a filha. Após vasculhar o local, reconheceu a filha pelos cabelos. "Eu vi o cabelinho dela e duas xuxinhas que foram feitas de manhã no cabelo dela, caiu meu mundo", conta Evandro Sehn, 35 anos.
Para a polícia, o crime foi premeditado. O autor do ataque teria analisado a instituição de ensino e inclusive teria rondado o local um dia antes. A escola teria sido escolhida por ele devido às "vulnerabilidades" identificadas por ele, segundo o delegado Jerônimo Marçal, responsável pela investigação.
Pelo menos três alunos que estudavam na sala alvo do ataque conseguiram escapar pois não foram à aula — entre eles estão os gêmeos Miguel Antonio e Maria Helena, de 1 ano e seis meses, que chegaram a ser levados até a porta da sala de aula. Porém, os pais decidiram levá-los de volta para não acordar os outros alunos — os gêmeos tinham ido fazer exames de rotina e chegaram atrasados.
Velório de vítimas de ataque a escola reúne cerca de 1,5 mil pessoas em SC
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Velório coletivo
O velório coletivo das vítimas do ataque a uma escola infantil acontece no Parque de Exposições Theobaldo Hermes, na cidade de Saudades, no oeste de Santa Catarina
Moradores colocam flores e cartazes em homenagem às vítimas do atentado ocorrido ontem em uma escola infantil, na cidade de Saudades, no oeste de Santa Catarina
O velório coletivo das vítimas do ataque a uma escola infantil acontece no Parque de Exposições Theobaldo Hermes, na cidade de Saudades, no oeste de Santa Catarina
Cartaz homenageia Mirla Renner, de 20 anos, uma das cinco vítimas do ataque a uma creche em Saudades (SC). A jovem trabalhava como agente de educação, auxiliando os professores durante as aulas. Ela morreu após ser encaminhada ao hospital.
Moradores se consolam durante o velório coletivo das vítimas do ataque a uma escola infantil, no Parque de Exposições Theobaldo Hermes, na cidade de Saudades, no oeste de Santa Cantarina, nesta quarta-feira
O velório coletivo das vítimas do ataque a escola acontece em um ginásio do Parque de Exposições Theobaldo Hermes, na cidade de Saudades, no oeste de Santa Cantarina, nesta quarta-feira
Policiais carregam coroas de flores enviadas ao ginásio do Parque de Exposições Theobaldo Hermes, onde está ocorrendo o velório coletivo das vítimas do ataque à escola infantil em Saudades (SC)
Moradores e familiares chegam para o velório coletivo das vítimas do ataque a uma escola infantil, no Parque de Exposições Theobaldo Hermes, na cidade de Saudades, no oeste de Santa Cantarina
Populares entram e saem do ginásio do Parque de Exposições Theobaldo Hermes, onde está ocorrendo o velório coletivo das vítimas do ataque à escola infantil em Saudades (SC)
Populares se emocionam próximo ao ginásio do Parque de Exposições Theobaldo Hermes, onde está ocorrendo o velório coletivo das vítimas do ataque a uma escola infantil em Saudades (SC)
Populares participam do cortejo fúnebre das vítimas do ataque a creche infantil em Saudades (SC), aproximadamente às 11h da manhã (horário de Brasília)
A vice-governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr (sem partido), acompanha enterros das vítimas do atentado ocorrido em creche em Saudades, no Cemitério Municipal da cidade