A nota curta e grossa do Ministério da Defesa que informou que os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica serão substituídos, segundo militares ouvidos pela coluna, teve como intenção deixar claro que a decisão pela troca dos comandantes foi do presidente Jair Bolsonaro.
"A decisão foi comunicada em reunião realizada nesta terça-feira (30), com presença do Ministro da Defesa nomeado, Braga Netto, do ex-ministro, Fernando Azevedo, e dos Comandantes das Forças", diz o texto, divulgado nesta terça-feira.
Segundo um general da ativa, com acesso ao Alto Comando, o escolha do termo "decisão comunicada" quis demonstrar justamente que eles foram apenas informados pelo novo ministro Braga Netto de que seriam substituídos por ordem do presidente.
Generais reconhecem que havia uma pressão pela saída do general Edson Pujol e que isso fortaleceu o espírito de corpo entre os comandantes, que estudaram a renúncia coletiva em reunião ontem. Eles estavam inclusive decididos a deixar os cargos hoje cedo, mas Braga Netto comunicou a demissão no início da conversa, segundo fontes.
Além disso, havia na caserna a avaliação de que uma renúncia coletiva como uma reação direta às ações de Bolsonaro teria potencial para gerar uma crise institucional grave.
Militares dizem ainda que em casos como esse, onde há troca de ministro, é natural que os comandantes coloquem o cargo à disposição para que o novo chefe possa formar a equipe.
Braga Netto tinha pelo menos um motivo para tirar Pujol do comando do Exército, além do pedido do presidente. O novo ministro é de uma turma anterior a de Pujol, chamado de "mais moderno", e isso gera nas Forças uma espécie de desconforto hierárquico.