Estudo aponta queda de internação e de morte de crianças por covid-19
Apesar da escalada da pandemia no Brasil, um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Pediatria e publicado hoje aponta que caiu em 2021 o número de crianças e adolescentes, de 0 a 19 anos, que foram internadas ou morreram por causa da covid-19.
Os índices divulgados pelo estudo foram calculados proporcionalmente, ao longo de 2020 até março deste ano, com base nos registros atualizados do Ministério da Saúde. Para o cálculo, os cientistas usaram os dados de hospitalização, mortes e taxa de letalidade da covid-19 em cada grupo etário.
Os dados apontaram que, em relação às taxas de hospitalizações e de mortes causadas pelo novo coronavírus, em 2020, as crianças e adolescentes representaram 2,46% (14.638) das internações e 0,62% (1.203) das mortes. Até o dia 1º de março, esses percentuais caíram para 1,79% (2.057) em hospitalizações e 0,39% (121) nas mortes.
Os pesquisadores também levantaram os mesmos dados em relação aos jovens que desenvolveram a SRAG, a síndrome aguda respiratória grave, quadro de complicação comum quando uma pessoa é contaminada com a covid-19. O resultado foi semelhante.
A letalidade das pessoas de 0 a 19 anos que morreram após serem hospitalizadas com a doença caiu de 7,42% em 2020 para 5,3% em 2021. O estudo leva em consideração as infecções com as novas variantes da covid-19 no Brasil, que se espalham pelos estados desde dezembro de 2020.
O estudo contrasta com a situação da pandemia no país. Diariamente, o Brasil bate recordes do número de mortes em 24h e na média móvel diária desses óbitos.
Com uma nova variante — mais transmissível e mais infecciosa — se espalhando, a grande maioria dos estados apresenta alta nas taxas de internações, mortes e novos casos, principalmente de pessoas mais jovens, entre 30 e 50 anos.
Segundo pesquisadores, esse descontrole pode fazer aumentar o número de hospitalizações, casos e mortes de crianças e adolescentes. No entanto, diz o estudo, "não há nenhuma evidência, baseando-se na análise dos boletins epidemiológicos do MS, que mostre um perfil particularmente mais grave da doença em crianças e adolescentes em 2021".
À reportagem, um dos autores do estudo, o presidente do departamento científico de imunizações da SBP, Renato Kfouri, reforça que a variante P.1 amazônica, felizmente, parece não agravar a saúde de crianças e jovens.
"Ao contrário do que supõem de que essa variante está atingindo mais as crianças, não é verdade. O número absoluto terá um aumento de casos, mas em distribuição proporcional as crianças estão sendo menos atingidas", disse.