Marinha encontra mais um corpo em área onde lancha desapareceu no Rio
A Marinha do Brasil encontrou hoje mais um corpo que pode ser de um dos tripulantes da lancha que desapareceu próximo ao farol de São Tomé, em Campos dos Goytacazes, no dia 30 de janeiro. Ele estava na mesma área onde os outros corpos foram achados. Em nota enviada ao UOL, a Marinha informou que um pesqueiro disse ter avistado o corpo, a aproximadamente 35 km a sudeste do Farol de Cabo Frio. Os corpos de outras quatro vítimas já foram identificados e o único desaparecido é o mestre de máquinas José Cláudio de Sousa.
A corporação explicou que o corpo foi recolhido pelo NPaOc (Navio-Patrulha Oceânico) e "está em deslocamento para a Enseada do Forno", em Arraial do Cabo, para que possa ser realizado o traslado e a identificação da vítima.
Segundo a Marinha, as causas e responsabilizações do acidente serão apuradas por "intermédio de Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) conduzido pela Marinha. Concluído o inquérito e cumpridas as formalidades legais, o mesmo será encaminhado ao Tribunal Marítimo, que fará a devida distribuição e autuação e dará vista à Procuradoria Especial da Marinha".
Na noite de ontem, os corpos do empresário Domingos Savio Ribeiro e do comandante Guilherme Ambrósio de Oliveira foram identificados pelo IML (Instituto Médico Legal) de Macaé, no Rio de Janeiro. Os dois corpos estavam em tratamento de hidratação das impressões digitais desde que foram encontrados, no sábado (6).
Os corpos do pescador Wilson Martins dos Santos e do empresário Ricardo José Kirst, encontrados na quinta (4), já haviam sido identificados pelas respectivas famílias. A necropsia realizada no IML apontou que os quatro tripulantes morreram afogados. O único tripulante desaparecido até o momento é o mestre de máquinas José Cláudio de Sousa.
O telejornal RJTV, da Rede InterTV, afiliada da Rede Globo, informou hoje que os quatro corpos encontrados estavam sem coletes salva-vidas.
Entenda o caso
O empresário gaúcho Ricardo Kirst, que residia no Ceará, chamou quatro amigos do estado onde mora para realizarem uma expedição em uma lancha. Ele comprou a embarcação no Rio de Janeiro e iria levá-la por mar até Fortaleza. O objetivo era registrar a jornada para ser publicada no canal do YouTube dele, onde costumava postar viagens náuticas e pescarias.
Eles ainda chegaram a fazer alguns registros, mas logo no primeiro dia a lancha apresentou um problema de entrada de ar em mangueiras no Rio de Janeiro, onde tiveram de ancorar para realizar o reparo.
Dois dias depois seguiram viagem, mas na madrugada do dia 30 emitiram um pedido de socorro à Marinha e aos navegantes que estivessem próximos, informando que estavam com problemas na embarcação e que teriam que abandonar a lancha.
Diretor de pesca alertou sobre manutenções
Em entrevista ao "Fantástico", exibida no domingo (7), o diretor de pesca do Iate Clube Jardim Guanabara, do Rio de Janeiro, disse ter alertado Kirst sobre a importância de realizar manutenções "com calma" na lancha. A embarcação estava parada havia dois anos.
"Nós tentamos convencê-lo de que seria muito mais seguro e até mesmo viável, economicamente falando, que ele contratasse um transporte por terra e fizesse essas manutenções com calma na cidade de origem. Mas ele insistia que seria a aventura da vida dele", disse Anselmo Suhett para a TV Globo.
Ele também comentou que o plano de navegação de Kirst parecia frágil. Em contato com ele, às 17h — horas antes do desaparecimento na madrugada de 30 de janeiro —, o empresário teria dito a Anselmo que procuraria uma ilha para abrigo. Porém, segundo o diretor do Iate Clube, o dono da lancha já deveria ter esta informação em mente.
"Naufragou provavelmente lá por 1h da manhã [do sábado, dia 30], mas às 17h e pouco [do dia anterior] ele me mandou uma mensagem, onde afirmou estar em condições de navegação muito difíceis. O mar tinha crescido muito e ele iria procurar uma ilha para abrigo. Mas se ele fez um plano de navegação, deveria saber onde tinha um plano de abrigo", explicou Anselmo Suhett.
*Com informações de Aliny Gama, em colaboração para o UOL, em Recife