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Universidade Johns Hopkins, nos EUA, confronta ligações históricas com escravidão

11/12/2020 19h41

Washington, 11 dez 2020 (AFP) - Johns Hopkins, o célebre filantropo americano que apoiou a abolição da escravidão e cuja riqueza lhe permitiu fundar a prestigiosa universidade que leva seu nome, possuía escravos, confirmou nesta sexta-feira (11) a instituição com sede em Baltimore.

A revelação da universidade, que possui uma longa tradição de inclusão, ocorre enquanto os Estados Unidos continuam confrontando sua história de racismo, após protestos generalizados contra a discriminação no início deste ano.

Multiplicaram-se os apelos para destruir as estátuas de líderes do sul do país, historicamente escravagista, e os legados de alguns dos "pais fundadores" da América, como George Washington e Thomas Jefferson, também proprietários de escravos, foram reexaminados.

"Há quase 100 anos comunicamos uma história sobre nossas origens que não é correta", afirmou Ron Daniels, presidente da Universidade Johns Hopkins, em uma discussão por videoconferência. "A revelação dessa parte da vida de Hopkins é devastadora", acrescentou.

Hopkins veio de uma família rica de Maryland e fez fortuna no comércio e no banco. Criado na fé quaker, denominação protestante que era contra a escravidão, ele apoiou o presidente Abraham Lincoln durante a Guerra Civil dos EUA.

Quando morreu, em 1873, deixou parte de sua fortuna para a criação de um orfanato para crianças negras, uma universidade e um hospital onde todos os pacientes seriam aceitos, independentemente de sexo ou origem.

Mas, de acordo com os documentos de 1840 e 1850 descobertos neste verão, Hopkins era dono de escravos - um em 1840 e mais quatro uma década depois. Não há indicação de que algum dia ele os tenha libertado.

As revelações são um choque para a universidade particular de elite fundada em seu nome em 1876, defensora da diversidade e localizada em Baltimore, cidade com uma população predominantemente negra assolada pela pobreza.

Este é apenas o começo no trabalho de encontrar a verdade, segundo Martha Jones, chefe da comissão da instituição que tenta encontrar os descendentes desses escravos desconhecidos.

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