Entrevista de emprego na pandemia: o que mudou para candidatos e para o RH
Resumo da notícia
- Empresas ganharam agilidade com o novo tipo de processo seletivo forçado pelo isolamento social
- Especialista recomenda a candidatos organizar o ambiente da entrevista e testar câmera antes
- Outras dicas incluem checar visibilidade com entrevistador, olhar diretamente para a câmera e gesticular pouco
- Para integrar o recém-contratado, empresas testam novos kits de "boas-vindas" e atividades em grupo virtuais
A pandemia de covid-19 afetou o modo como empresas contratam e integram novos funcionários. O processo migrou para o campo virtual, com novos desafios para quem entrevista e quem é entrevistado. Mas, passada a adaptação inicial, muitos RHs enxergam benefícios nesse novo processo de seleção.
"Geralmente, levávamos 45 dias para preencher uma posição intermediária. Hoje são 30", diz Renata Medeiros, diretora de P&O da Royal DSM. Somando trabalhadores fixos, gerentes, diretores e estagiários, a multinacional holandesa realizou 88 contratações na América Latina entre março e princípio de julho.
Sergio Piza, diretor da Klabin, descreve uma realidade semelhante: "Antes do isolamento, apenas a parte inicial de preenchimento de currículo acontecia na nossa plataforma. Agora é tudo digital. Já contratamos mais de 400 pessoas desde março."
Como se sair bem numa entrevista de emprego online
Para os candidatos, algumas vantagens são significativas: sem a necessidade de deslocamento até o local da entrevista, diminuem as chances de imprevistos, por exemplo. Mas, por esse mesmo motivo, qualquer forma de atraso se tornou ainda mais problemática para a imagem do entrevistado.
O "guia de etiquetas" de uma boa entrevista também ganhou outras regras. A estrategista de carreira Ana Letícia Lucca, da consultoria Success.People, aponta algumas dicas:
- Pesquise sobre seu entrevistador: Na conversa virtual, nossa leitura da outra pessoa fica limitada. É mais difícil conseguir criar uma relação. Informar-se previamente sobre a carreira do seu entrevistador, via Google ou LinkedIn, pode facilitar esse vínculo.
- Reserve tempo e espaço invioláveis para a entrevista: Combine com outros moradores da casa para que você não seja interrompido no horário marcado. Falar sobre si mesmo é difícil, ainda mais em uma ambiente de avaliação. Se houver distrações, você pode perder o raciocínio.
- Organize o espaço: Também antes da entrevista, teste-se diante da câmera para checar como está a iluminação do local e quais elementos aparecem ao fundo. Ambientes desconfortáveis ou bagunçados podem trazer leituras negativas.
- Demonstre preocupação com a visibilidade: Não é necessário ter uma câmera de última geração. Mas, se fizer com o celular, informe o entrevistador, deixe o aparelho fixo e pergunte se você está bem visível. Essa preocupação ajuda a quebrar o gelo e a criar um vínculo.
- Mantenha o contato visual: Use poucos gestos e tente olhar sempre para a câmera. Uma dica é arrastar o quadradinho da sua imagem para a posição mais próxima da lente do computador. Assim, quando você olhar para si mesmo, continuará olhando para o entrevistador.
Como integrar um funcionário virtualmente
Para as empresas, o maior desafio está após as entrevistas, na integração do recém-contratado. Como fazê-lo se sentir parte de uma equipe ou de um lugar que ele nunca conheceu pessoalmente?
"Temos pessoas que entraram agora e estão 100% virtuais. Nunca nem viram o escritório, mas estão felizes", afirma Renata Medeiros, da Royal DSM. Parte da estratégia foi mudar o "kit de boas-vindas": agora, ele inclui apetrechos e equipamentos enviados à casa do novo colaborador. A Klabin seguiu na mesma direção. "Viabilizamos laptop e uma boa cadeira de trabalho para quem não tinha em casa, e chip ilimitado de internet para todo mundo", explica Sérgio Piza.
Atividades coletivas que colaboram para um bom clima organizacional tiveram que migrar para o online. Foi o caso da festa junina da Royal DSM, ou dos grupos de psicologia, yoga e exercícios da OLX Brasil, segundo o CHRO Sérgio Povoa.
Ainda assim, o dia-a-dia na empresa física faz falta. "Antes, no próprio escritório, tínhamos um sistema de símbolos físicos da nossa cultura corporativa: a pintura das paredes, o salão de jogos, a mesa de escritório", explica Povoa. "Se o home office perdurar, temos uma preocupação a longo prazo para encontrar novas maneiras de reforçar essa cultura, porque ela é importante para a redução do turnover."
O Prêmio Lugares Incríveis para Trabalhar é uma iniciativa do UOL e da Fundação Instituto de Administração (FIA) que vai destacar as empresas brasileiras com os mais altos níveis de satisfação entre os seus colaboradores. Os vencedores serão definidos a partir dos resultados da pesquisa FIA Employee Experience, que vai medir o ambiente de trabalho, a cultura organizacional, a atuação da liderança e a satisfação com os serviços de RH. As inscrições estão abertas até o dia 12/9 e podem ser feitas, gratuitamente, no site da pesquisa FIA Employee Experience.