Treino para astronauta: jovem brasileira conquista vaga em curso nos EUA
Sem tempo, irmão
- Jovem de 17 anos vai participar de curso promovido pela Advanced Space Academy
- O curso tem duração de uma semana e estava previsto para ocorrer em julho, mas foi adiado
- Isadora apresentou um projeto de combustível para minifoguetes de garrafas pet
- Ela pretende estudar Astrofísica ou Engenharia Aeroespacial. "Com 12 anos já sabia o que queria"
Uma estudante do Rio do Grande do Sul de 17 anos foi selecionada para participar de um curso nos Estados Unidos de imersão ao universo da astronomia, que inclui até treinamento para astronautas.
Aluna do 3º ano do Colégio Cenecista Santa Bárbara, em Arroio dos Ratos (RS), Isadora Stefanhak Costa Arantes, recebeu a confirmação em meados de março, após se inscrever e participar do processo seletivo do programa desenvolvido pela Advanced Space Academy [Academia Espacial Avançada], que é destinado a jovens de até 18 anos. A americana Alyssa Carson, que pode ser a 1ª mulher a ir para Marte, tem esse curso em seu currículo.
Organizado pelo museu Espacial e de Foguetes dos EUA (US Space and Rocket Center, em inglês), localizado no Alabama, o treinamento é concorrido para os aspirantes a astronauta e tem duração de uma semana. O curso ao qual a brasileira foi aprovada estava previsto para ocorrer em julho deste ano, mas foi adiado para 2021 por causa da pandemia da covid-19.
''É um curso de verão, uma imersão no treinamento de astronautas. Foi minha professora de Física do colégio, Ester Rosari Raphaelli Dal Ben, que me falou sobre a existência dessa formação e que eu deveria procurar na internet, pesquisar sobre o tema'', disse a estudante.
Minifoguetes de garrafa pet
A adolescente conta ainda que levou cerca de três meses para juntar toda a documentação necessária para a inscrição, incluindo duas cartas de recomendação escolar, certificado de conhecimento da língua inglesa, curriculum vitae e um projeto científico.
A proposta apresentada por Isadora à Advanced Space Academy foi desenvolvida durante a Feira de Ciências da escola onde ela estuda. ''É um projeto sobre combustíveis para minifoguetes de garrafas pet. Eu e meus colegas criávamos estes pequenos foguetes para participar de competições", conta.
Ela explica que inicialmente usavam vinagre e bicarbonato de sódio como combustível, mas passaram a usar técnicas mais ambiciosas depois que ela voltou de uma competição. "São foguetes com combustão mesmo, que pegam fogo. Com isso a gente consegue medir a distância vertical alcançada e não a horizontal como os foguetes de garrafas pet'', explicou a estudante.
Os testes eram realizados no quintal da casa de Isadora, que segundo e aluna "é bem espaçoso". ''Os vizinhos ficavam intrigados era com a fumaça'', brincou.
"Com 12 anos eu já sabia o que queria''
Questionada sobre de onde surgiu esse fascínio pela astronomia, Isadora revela que foi por incentivo do pai. ''O meu pai não trabalha na área, mas sempre foi uma pessoa aficionada pelo assunto e me contava histórias, conversava comigo sobre o tema e foi aí que acabei me apaixonando pela astronomia. Com 12 anos eu já sabia o que queria'', ressaltou a jovem.
Ela conta que pretende cursar Astrofísica, ramo da Astronomia dedicado ao estudo do universo por meio de aplicações das leis da Física e Química, mas a Engenharia Aeroespacial também é uma opção.
A adolescente acumula um currículo carregado de prêmios e medalhas conquistadas em olimpíadas escolares. Entre os méritos estão duas medalhas de ouro da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Aeronáutica (OBA), em 2018 e 2019.
Isadora Stefanhak também obteve o primeiro lugar nas Olimpíadas de Ciências Exatas e participou da Jornada de Foguetes, que ocorreu em 2018 no município de Barra do Piraí, no Rio de Janeiro.