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Crise em 2020 pode ser equivalente a 2 anos de Dilma, diz Delfim Netto

do UOL

Do UOL, em São Paulo

13/04/2020 11h14

Resumo da notícia

  • Queda do PIB será da ordem de 6% em 2020, segundo economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto
  • A renda por pessoa vai cair cerca de 7%, afirma ex-ministro da Fazenda
  • Crise causada pelo coronavírus agravou um quadro que já não era positivo, afirma Delfim Netto

A pandemia do novo coronavírus pode provocar uma queda no PIB (Produto Interno Bruto) por volta de 6% em 2020, segundo cálculos do economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto.

Em entrevista por videoconferência ao colunista do UOL Josias de Souza, Delfim afirmou que a crise deste ano pode ser equivalente ao dos dois últimos anos de governo Dilma Rousseff (PT).

"A queda do PIB vai ser de 6% [em 2020]. Poderemos ter uma trombada de 7% do PIB per capita. É uma crise do tamanho de dois anos de crise da Dilma", declarou.

Em sua avaliação, a crise causada pelo coronavírus agravou um quadro que já não era positivo. "Antes da crise tinha uma redução da demanda global do país. Tinha baixo emprego, indústria abaixo da capacidade. Com o coronavírus, essa demanda global caiu drasticamente. A oferta global também caiu. Você pode afirmar com segurança que esse conjunto vai produzir um novo equilíbrio de uma depressão séria", explicou.

Para o ex-ministro, ainda não há uma informação concreta da dimensão da crise, mas é possível fazer projeções. "Acho que BC e FMI e Guedes, cada um de nós, temos nossa intuição. Não temos informações. Tudo é um pouco de chute. Imagino que a coisa é um pouco pior", apontou.

Papel do Estado

Segundo Delfim Netto, o papel do governo neste momento é minimizar o impacto da crise para a população. "O Estado tem a obrigação moral de reduzir o número de óbitos. Por isso, para enfrentar a covid-19, não pode ter limite orçamentário", disse.

Para o economista, as medidas anunciadas até agora estão da direção certa, mesmo que isso represente uma despesa que chegue a 7% do PIB. "Não é um problema. Como a obrigação moral tem que ser atendida, simplesmente significa que todos vamos empobrecer, mas com o poder que damos ao Estado ele vai transferir renda aos mais necessitados", afirmou.

Delfim Netto alertou, entretanto, que o cuidado a ser tomado é com as contas públicas depois que a crise passar. "Temos que pensar como vamos nos organizar tão logo a pandemia esteja controlada e possamos trabalhar e recuperar a economia novamente", afirmou. Isso exige, disse o economista, que o governo tenha um programa com começo, meio e fim, e de como o país vai sair da crise.

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