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Isenção do IR deve subir para R$ 2.000, diz Bolsonaro; hoje é de R$ 1.904

 Marcelo Camargo / Agência Brasil
Imagem: Marcelo Camargo / Agência Brasil
do UOL

Pedro Peduzzi

Agência Brasil

02/12/2019 15h21

O presidente Jair Bolsonaro disse hoje que está encontrando dificuldades para cumprir a promessa de campanha de aumentar para R$ 5.000 a faixa de isenção do Imposto de Renda para pessoa física. Segundo ele, esse é um exemplo das "diferenças entre o que queria fazer e o que pode ser feito".

"Gostaria de entregar meu governo tornando isento quem ganha até R$ 5.000 por mês. Estamos trabalhando para, este ano, chegarmos a R$ 2.000. Espero cumprir [a promessa de] R$ 5.000 até o final do mandato", disse em entrevista à Rádio Itatiaia.

Hoje, a faixa de isenção do Imposto de Renda já está próxima de R$ 2.000. Na declaração de 2019, estava isento quem ganhava R$ 1.903,99 por mês. Subir a faixa de isenção para R$ 2.000 significa, portanto, reajustar a faixa em 5,04%, o que fica um pouco acima da inflação esperada para 2019, de 3,46%.

Nas conversas com a equipe econômica, Bolsonaro disse que tem argumentado que o aumento da margem se justifica pelo fato de que quase todo imposto acaba retornando ao contribuinte, quando esse faz sua declaração. Portanto, segundo o presidente, esse aumento na margem acabaria por "poupar trabalho" para a própria Receita Federal.

"Tem reação por parte da equipe econômica ou da Receita, quando digo isso? Tem. Em parte, forço um pouco a barra, mas não vou constranger a equipe econômica nem a Receita Federal. Acredito que meus argumentos sejam ouvidos por eles, apesar de eu não entender de economia", completou.

Juros

Mais cedo, ao participar do evento onde a Caixa Econômica Federal apresentou as ações realizadas pelo banco em prol das pessoas com deficiência, Bolsonaro disse que a atuação do banco, no sentido de baixar juros, está influenciando positivamente os bancos privados a fazerem o mesmo.

"A Caixa, sem qualquer interferência por parte do presidente da República, está obrigando outros bancos a seguirem seu exemplo de administração, sob o risco de perder mais do que clientes, lucro. Ao tomar a decisão de diminuir taxas, ela ganha cada vez mais clientes, além de diminuir a inadimplência e, obviamente, aumentar o lucro".

Reformas

Bolsonaro reiterou que as reformas política e tributária terão seu formato final decidido no Congresso Nacional, e não pelo Executivo. "O povo pede muito uma reforma política. Não tenho poder para isso. Ela vai de acordo com o entendimento dos parlamentares", disse, acrescentando que "uma simplificação tributária é muito bem-vinda. Não adianta mandar para lá [Congresso Nacional] o que é ideal, mas o que é possível de ser aprovado. Se os governos anteriores tivessem desburocratizado, desregulamentado e simplificado muita coisa, o Brasil estaria muito melhor do que está no momento".

Desvalorização da moeda

O presidente afirmou não enxergar como retaliação ao Brasil a decisão do governo dos Estados Unidos de aumentar as tarifas para importação de aço e alumínio brasileiros. Segundo o presidente dos EUA, Donald Trump, Brasil e Argentina estariam forçando uma desvalorização de suas moedas, o que tem prejudicado os agricultores daquele país.

"Não vejo isso como retaliação", disse Bolsonaro em entrevista à Rádio Itatiaia na manhã desta segunda-feira (2). Na avaliação do presidente, a correlação não procede porque a desvalorização das moedas locais são em consequência de fatores externos. "O mundo está conectado. A própria briga comercial entre Estados Unidos e China influenciam o dólar aqui, assim como coisas que acontecem no Chile, nas eleições na Argentina e no Uruguai. Tudo está conectado", argumentou o presidente.

Bolsonaro disse que o assunto será conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda hoje. "Se for o caso, vou ligar para o Trump. A economia deles é dezenas de vezes maior do que a nossa", disse.

A retomada das tarifas foi anunciada pelo presidente dos Estados Unidos (EUA) em sua conta no Twitter. Segundo ele, "Brasil e Argentina têm presidido uma desvalorização maciça de suas moedas, o que não é bom para os agricultores norte-americanos. Portanto, com efeito imediato, restaurarei as tarifas de todos os aços e alumínio enviados para os EUA a partir desses países", disse Trump na rede social.

"As reservas também devem agir para que os países, dos quais existem muitos, não aproveitem mais nosso dólar forte, desvalorizando ainda mais suas moedas. Isso torna muito difícil para nossos fabricantes e agricultores exportar seus produtos de maneira justa", acrescentou o presidente norte-americano.

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