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ONU condena morte de líder indígena no Amapá

29/07/2019 15h00

SÃO PAULO, 29 JUL (ANSA) - A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, cobrou nesta segunda-feira (29) uma investigação sobre a morte do cacique Emyra Wajãpi, líder da etnia wajãpi e cujo corpo foi encontrado dentro de um rio em uma área demarcada no Amapá, em 25 de julho.   


"O assassinato de Emyra Wajãpi, líder dos indígenas wajãpi, é trágico e condenável por si só. Também é um sintoma inquietante do crescente problema da invasão das terras indígenas, especialmente nas florestas, por parte de mineradores, madeireiros e agricultores no Brasil", diz um comunicado de Bachelet.   


A alta comissária também instou as autoridades brasileiras a agirem "rápida e eficazmente para investigar esse incidente e levar justiça a todos os responsáveis". "Apelo ao governo do Brasil que aja de maneira decisiva para deter a invasão dos territórios indígenas e garantir o exercício pacífico de seus direitos coletivos sobre suas terras", acrescenta.   


Bachelet também cita o desejo do governo brasileiro de ampliar as áreas de mineração na Amazônia e alerta que isso pode aumentar a "violência, a intimidação e as mortes" na floresta.   


"Peço para o governo do Brasil reconsiderar suas políticas para povos indígenas e suas terras, para que o assassinato de Emyra Wajãpi não dê início a uma nova onda de violência que afugente as pessoas de suas terras ancestrais e permita mais destruição da floresta tropical", diz o comunicado.   


O pronunciamento de Bachelet chega pouco depois de o presidente Jair Bolsonaro ter colocado em dúvida o assassinato do cacique .   


"Não tem nenhum indício forte de que esse índio foi assassinado lá. Chegaram várias possibilidades [...], buscarei desvendar o caso e mostrar a verdade sobre isso aí", disse.   


Já os índios wajãpi afirmam que o cacique foi morto em meio a uma invasão de garimpeiros à aldeia Mariry, no Amapá. Membros da etnia também relatam a presença de invasores armados na região.   


Bolsonaro, por sua vez, reafirmou sua intenção de autorizar o garimpo dentro de áreas demarcadas na Amazônia. "ONGs de outros países querem que o índio continue preso em um zoológico, como se fosse um ser humano pré-histórico", ressaltou. (ANSA)
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