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Ao lado de Witzel, Crivella diz que Carnaval na Sapucaí será privatizado

A Marquês de Sapucaí, palco dos desfiles das escolas de samba do Rio - Bruna Prado/UOL
A Marquês de Sapucaí, palco dos desfiles das escolas de samba do Rio Imagem: Bruna Prado/UOL
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Igor Mello

Do UOL, no Rio

26/06/2019 16h32Atualizada em 26/06/2019 17h49

Após um almoço no Palácio Guanabara, sede do governo do estado do Rio de Janeiro, o prefeito da capital, Marcelo Crivella (PRB), e o governador Wilson Witzel (PSC) anunciaram a intenção de privatizar a organização dos desfiles de escolas de samba. Hoje o carnaval é realizado pela prefeitura do Rio e pela Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba).

Crivella voltou a afirmar que o Carnaval hoje só dá lucro para a TV Globo, detentora dos direitos de transmissão, e para a Liesa, que vende ingressos para a festa. Segundo o prefeito, houve acordo com o estado --que chegou a estudar a possibilidade de assumir o evento.

"O governador vai me ajudar também. Sei que uma empresa fez proposta para a Liesa. Vamos fazer uma parceria aí, governo do estado e município, e o Carnaval será então privatizado. Vai viver de recursos privados, já que nós hoje vivemos uma crise muito grande", afirmou Crivella, que disse valorizar a festa. "Queremos que o Carnaval seja sempre a festa popular que é e traga muitos turistas para o Rio."

Witzel disse que, após estudos técnicos, houve a conclusão de que parte do sambódromo foi construído pelo estado e parte pela prefeitura, fazendo com que uma parceria seja necessária.

"Há um acordo entre nós. Sambódromo realmente precisa de iniciativa privada. Se houver realmente empresa privada, o estado, que tem que prestar o serviço de segurança pública naquela região, também tem total interesse que isso aconteça e vamos fazer de comum acordo", afirmou.

O prefeito e o governador não deram detalhes, contudo, sobre o modelo a ser adotado para privatização dos desfiles na Sapucaí --se por exemplo uma possível concessão do Sambódromo seria acompanhada do financiamento das escolas de samba pela iniciativa privada.

Procurada, a assessoria de imprensa da Liesa informou que não vai se manifestar. Já a TV Globo afirmou acreditar "que, além de uma grande festa, que preserva as tradições da cidade e divulga a cultura popular, o carnaval é um importante gerador de receitas para o Rio de Janeiro. Por isso, historicamente, faz altos investimentos tanto na aquisição dos direitos, quanto na promoção do evento, em sua transmissão e numa ampla cobertura, que promove a cidade, aqui e no exterior, estimulando o turismo, a geração de empregos temporários e a economia local. Como já esclarecemos, a Globo não vende patrocínio do carnaval, que é um evento das Escolas de Samba. A Globo vende cotas de suas transmissões, cujos direitos compra por valores significativos. Nessa grande festa da cultura popular brasileira, a Globo acredita que todos os envolvidos devem fazer a sua parte. A Globo tem feito a sua".

Crivella: "Sou parceiro do governador"

Um dia após se livrar do pedido de impeachment com o apoio de dois dos três vereadores do PSC, partido de Witzel, Crivella fez um afago no governador.

Crivella e Witzel evitaram lembrar da troca de farpas que protagonizaram no fim de maio. Na ocasião, após Crivella criticar o Judiciário após a interdição da avenida Niemeyer por risco de deslizamento de terra, Witzel disse que o prefeito "tem que ter um filtro entre o cérebro e a boca".

No mesmo dia, Crivella rebateu. Fazendo referência à informação falsa do currículo acadêmico de Witzel, que informou cursar doutorado na Universidade de Harvard sem nunca ter tentado uma vaga na instituição americana, o prefeito ironizou o ocorrido. "Vou buscar um filtro em Harvard", contra-atacou.

Hoje, Crivella fez elogios a Witzel e disse que votou nele em 2018. Naquela eleição, o PRB do prefeito apoiou o ex-governador fluminense Anthony Garotinho, mas ele acabou tendo a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral.

"Sou parceiro do governador, sinto nele confiança. Votei no governador e espero que juntos possamos construir o Rio de Janeiro dos nossos sonhos", declarou Crivella.

Os dois ainda anunciaram medidas conjuntas em várias áreas. A mais importante delas está relacionada aos hospitais Rocha Faria, em Campo Grande, Albert Schweitzer, em Realengo, e Pedro 2º, em Santa Cruz. As três unidades na zona oeste carioca pertenciam ao estado, mas foram municipalizadas no governo do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM).

Witzel se comprometeu a repassar R$ 6 milhões por mês ao município para ajudar no custeio das unidades. Desde que assumiu a prefeitura do Rio, em 2017, Crivella tenta devolver os hospitais ao estado, sem sucesso. Em março, Witzel chegou a dizer que não retomaria as unidades de saúde "de jeito nenhum".

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