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Leonardo Boff afirma que regra do celibato pode mudar na Amazônia

18/06/2019 12h54

Para o teólogo Leonardo Boff, "é provável que o Papa vá permitir que pessoas casadas sejam ordenadas sacerdotes" em regiões remotas da Amazônia. Em entrevista à RFI sobre o Sínodo dos Bispos da Amazônia, que acontece em outubro no Vaticano, ele falou sobre a possibilidade de ordenar homens casados para regiões remotas.

A decisão foi informada pela Santa Sé na última segunda-feira (17) em um documento oficial de trabalho sobre o assunto, o "Instumentum Laboris". Trata-se de uma abertura sem precedentes na história da instituição. 

Composto por 147 pontos divididos em 21 capítulos e três partes, o texto diz que "o celibato é uma dádiva para a Igreja, pede-se que, para as áreas mais remotas da região, se estude a possibilidade da ordenação sacerdotal de pessoas idosas, de preferência indígenas, respeitadas e reconhecidas por sua comunidade, mesmo que já tenham uma família constituída e estável, com a finalidade de assegurar os Sacramentos que acompanhem e sustentem a vida cristã".

Prática já existe

Segundo Boff, essa prática já tem antecedentes na região Amazônica, onde pessoas laicas mais idosas já presidem cerimônias religiosas com a permissão de bispos. Para ele, a questão é "reconhecer algo que já existe, já é praticado em várias dioceses, especialmente na de Rio Branco, no Acre". A medida, considerada controversa dentro da Igreja Católica, beneficiaria cristãos que estão no meio da floresta e não têm acesso à eucaristia. 

O teólogo explica que o celibato não é um dogma, mas sim uma doutrina disciplinar. Ele ressalta que ela já foi abolida por todas as igrejas, à exceção da Igreja Católica de Roma. O teólogo considera ainda que a revisão dessa questão pode ser um primeiro passo para uma mudança mais ampla na lei do celibato.

Relação com pedofilia

O celibato foi instituído no século X e obriga os padres a permanecer castos. Para Leonardo Boff, chegou o momento de debater essa doutrina "especialmente após a revelação dos casos de pedofilia na Igreja, porque por atrás disto está a questão da sexualidade. A Igreja não quer discutir o tema por medo de que afete a lei do celibato. Lei que surgiu tardiamente na história e que, como surgiu, pode desaparecer".

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