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Restituição do IR não saiu? Dá para antecipar, mas vai ter que pagar juros

do UOL

Téo Takar

Do UOL, em São Paulo

17/06/2019 04h00

Está precisando de dinheiro, mas sua restituição do Imposto de Renda 2019 ainda não saiu? Pode ser interessante antecipar o recebimento do valor por meio de um empréstimo específico.

Os principais bancos oferecem a modalidade de crédito de antecipação da restituição do IR, mas as condições podem variar bastante de um para outro. Veja abaixo como funciona, em quais casos vale a pena e quais cuidados tomar antes de contratar esse empréstimo.

Empréstimo vale a pena para quitar dívidas

É preciso ver qual é o valor da dívida e quanto você tem direito a receber de restituição.

"Se a restituição for pequena, pode não valer a pena fazer um empréstimo de antecipação, mesmo que eu tenha dívidas caras para pagar. O ideal é que a restituição seja suficiente para cobrir toda a dívida", afirmou Mauro Calil, especialista em investimentos do banco Ourinvest e fundador da Academia do Dinheiro.

"Se eu pegar um empréstimo que cobre apenas metade do meu cheque especial, daqui a alguns meses a dívida já terá voltado ao mesmo patamar em que estava. Só que eu passarei a ter duas dívidas: a do cheque especial e a da antecipação de restituição", disse.

Quer comprar algo? Melhor esperar

Os especialistas recomendam não usar o empréstimo de antecipação de IR para consumo, como comprar roupas ou eletrodomésticos. Nesse caso, é melhor esperar a Receita liberar a restituição.

"Lembre-se de que o dinheiro da restituição virá corrigido pela Selic. É como se fosse um investimento isento, já que o ganho nesse período não sofre retenção de imposto", afirmou Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e fundador do canal Dinheiro à Vista.

Usar o crédito para consumo só vale a pena se a compra for uma oportunidade de ocasião, com um desconto à vista superior a 30%. "Caso contrário, só pegue esse dinheiro para quitar dívidas caras ou para resolver uma emergência, como um problema de saúde", declarou Domingos.

Pesquisa e compare as condições de cada banco

É possível pegar um empréstimo de até 100% do valor da restituição do IR, mas alguns bancos estabelecem limites. As taxas de juros também variam de um lugar para o outro e de acordo com o perfil de crédito do cliente.

"Confira qual é a taxa de juros que será cobrada antes de pegar o empréstimo. Veja se ela é realmente menor do que os juros da outra dívida, caso você esteja pensando em pegar o dinheiro para quitá-la", disse Domingos.

Veja abaixo as principais condições nos maiores bancos:

  • Banco do Brasil: Taxa a partir de 1,79% ao mês, limite de R$ 20 mil, pagamento até 15 de janeiro de 2020
  • Bradesco: Taxa a partir de 1,79% ao mês, limite de R$ 50 mil, pagamento até 13 de dezembro
  • Caixa: Taxa a partir de 2,10% ao mês, limite de 75% da restituição até R$ 30 mil, pagamento até 30 de dezembro
  • Itaú Unibanco: Taxa a partir de 1,90% ao mês, limite de R$ 10 mil, pagamento até 20 de dezembro
  • Santander: Taxa a partir de 1,69% ao mês, limite de R$ 100 mil, pagamento até 20 de dezembro

Como pedir o empréstimo?

Todos os grandes bancos oferecem o crédito de antecipação da restituição do IR nas agências ou pelos canais de atendimento eletrônico.

É preciso que o banco indicado na declaração do IR para receber a restituição da Receita seja o mesmo ao qual pedirá a antecipação.

"Quem já entregou a declaração e indicou o banco A para receber a restituição, mas encontrou uma condição de empréstimo melhor no banco B, pode fazer uma retificação, indicando o novo banco para que a restituição seja creditada", afirmou Calil.

Principal risco é restituição atrasar ou não sair

Fique atento ao vencimento do empréstimo. Dependendo da instituição, o pagamento tem que ser feito de uma vez em dezembro ou no começo de janeiro de 2020. Se você receber a restituição antes dessa data, a dívida é automaticamente liquidada.

Porém, se a restituição atrasar ou se a declaração ficar retida na malha fina, você terá que dar um jeito de quitar o empréstimo até a data estipulada pelo banco ou pegar um novo empréstimo.

"O contribuinte não tem como saber em qual lote a restituição vai sair ou se vai cair na malha fina. Se não sair, ele terá que pegar outro crédito e pagar um juro maior para quitar o empréstimo de antecipação", afirmou Calil.

"É preciso ter convicção de que a declaração foi feita corretamente para ter garantia de que a restituição vai sair. Confira a documentação usada nas deduções legais, guarde os comprovantes e peça para uma pessoa de confiança ou um contador revisar sua declaração para evitar cair na malha fina", disse Domingos.

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