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Programa de vistos dos EUA atrai mais latino-americanos

David Biller

15/05/2019 13h16

(Bloomberg) -- Um programa dos Estados Unidos que concede residência legal a estrangeiros em troca de investimentos que gerem empregos está atraindo mais latino-americanos, que fogem das turbulências em seus países de origem.

O número de vistos concedidos para brasileiros no programa, conhecido como EB-5, aumentou dez vezes entre 2015 e 2018, coincidindo com os esforços do país para sair da recessão. O número de vistos para venezuelanos também deu um salto enquanto o país mergulhava na hiperinflação. Para o México, o aumento de vistos coincidiu com a eleição de Andrés Manuel López Obrador, que conquistou votos com uma plataforma de esquerda. Os três países também registraram um aumento dos índices de criminalidade.

"Quando as pessoas veem seu próprio país enfrentando mudanças econômicas e políticas dramáticas ou fundamentais, decidem por uma mudança, seja para elas mesmas ou para a próxima geração", disse Rodrigo Azpurua, cuja empresa Riviera Point Invest + Develop usou recursos do EB-5 para lançar projetos imobiliários no sul da Flórida.

Venezuelanos investiram no complexo de escritórios da Riviera em Doral, na Flórida, próximo ao campo de golfe que organizou a competição no fim da temporada 2018 do PGA para jogadores de golfe latino-americanos. Brasileiros ajudaram a financiar a construção do estádio de futebol do Orlando City, time da Major League Soccer. Latino-americanos também financiaram vários hotéis nos EUA das redes Hilton, Marriott e Radisson.

O número de vistos concedidos para latino-americanos no polêmico programa aumenta em um momento em que parlamentares americanos pedem uma regulamentação mais rígida ou até mesmo sua total eliminação. O EB-5, que exige um mínimo de US$ 500 mil em iniciativas que empreguem pelo menos 10 americanos, foi alvo de críticas por casos de fraude, ao mesmo tempo em que permitiria que ricos comprem os chamados green cards, que concedem permissão de residência, tomando o lugar de outros candidatos qualificados.

Investidores chineses lideram o número de vistos concedidos pelo programa, que tem uma meta global de cerca de 10 mil green cards por ano. O EB-5 ainda é popular na China, mas incorporadoras buscam recursos em outros lugares, inclusive na América Latina.

"Precisamos ter uma regulamentação realmente boa para estimular o investimento no interior e em algumas áreas que realmente precisam de apoio", disse Carlo Barbieri, presidente do Oxford Group, cujos clientes são na maioria do Brasil. "Os brasileiros interessados no programa devem aproveitar o momento, porque ainda não está claro quais mudanças devem ocorrer no EB-5."

--Com a colaboração de Jonathan Levin.

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