Incrível: restaurante submarino vira centro de pesquisa para cientistas
O restaurante Under, no sul da Noruega, é um feito arquitetônico. Situado 5 metros abaixo do mar e aberto ao público desde março deste ano, o local é o maior restaurante submarino já construído e o primeiro da Europa. Mas além de uma experiência luxuosa e a mais nova adição para listas de "lugares para visitar antes de morrer", o Under também tem outra vocação: ser um centro de pesquisa e divulgação científica.
O restaurante de 495 metros quadrados tem uma janela panorâmica que permite que os visitantes sintam-se parte do ecossistema marinho. A própria construção, assinada pelo escritório de arquitetura e design Snøhetta, favorece esta integração: o concreto do exterior age como um recife artificial. A estrutura é resistente para aguentar a intensidade das ondas e a pressão marítima.
Trond Rafoss, professor na Universidade de Agder e o biólogo marinho responsável no Under, quer usar o empreendimento para chamar a atenção do público para as cores e biodiversidade dos mares frios ao norte da Europa. "Quanto mais as pessoas adquirem conhecimento sobre a vida marinha, mais elas vão cuidar dos oceanos", ele afirmou em entrevista ao jornal inglês The Guardian.
O cardápio do restaurante também reflete esta preocupação com a biodiversidade e a sustentabilidade, evitando desperdício de ingredientes e usando espécies pouco aproveitadas. Rafoss treinou a equipe do restaurante para que saibam explicar aos visitantes tudo que pode ser visto pela janela deste observatório da vida marinha.
O local vai receber pesquisadores e estudantes e, como um laboratório, sediar pesquisas científicas, algumas já iniciadas. "Mais e mais os fundos para pesquisas estão conectados com o impacto na sociedade e nos negócios", explica Rafoss que, por meio da parceria com o restaurante, conseguiu trazer o projeto para sua universidade e garantiu financiamento do governo norueguês.
A ideia de colocar o público em contato com ciências naturais no meio de uma experiência turística também é uma oportunidade para medir o impacto de experiências interdisciplinares na hora de divulgar iniciativas científicas.
Quem não puder visitar o Under ou desembolsar os cerca de R$ 1.000 (2250 coroas norueguesas) no menu degustação poderá aproveitar a experiência remotamente.
Estão sendo instaladas câmeras que poderão ser assistidas online e que ajudarão a observar e documentar as diversas espécies que habitam a região, além de identificar novas. A longo prazo, os dados coletados ajudarão a monitorar dinâmicas populacionais e relacioná-las com fatores como variações de temperatura e de acidez dos oceanos.
