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Eleições na Espanha marcam vitória do bloco de esquerda e volta da direita radical ao Parlamento

28.abr.2019 - Espanhóis enfrentam fila para votar durante as eleições gerais em Madri, na Espanha - Susana Vera/Reuters
28.abr.2019 - Espanhóis enfrentam fila para votar durante as eleições gerais em Madri, na Espanha Imagem: Susana Vera/Reuters

28/04/2019 17h41

O PSOE, partido do premiê Pedro Sánchez, deve chegar a quase 30% e, para formar um novo governo, precisa do apoio da esquerda radical Podemos e dos nacionalistas catalães e bascos.

O texto foi atualizado às 19h05 de domingo (28).

Os socialistas da Espanha venceram neste domingo (28) a terceira eleição em menos de quatro anos, mas não conseguiram atingir o número mínimo de cadeiras no Parlamento para formar um governo sem recorrer a uma coalizão.

Com 28,7% dos votos, o PSOE, partido do premiê Pedro Sanchez, precisará do apoio da esquerda radical Podemos e dos nacionalistas catalães e bascos para formar um novo governo. Ou mesmo do Ciudadanos, que atingiram 15,8% dos votos (ou 57 cadeiras).

Para compor um governo e ter maioria absoluta, é necessário reunir ao menos 176 dos 350 assentos do Parlamento.

O primeiro-ministro socialista se apresentou como um baluarte contra o avanço da extrema-direita, mas, pela primeira vez desde que o regime militar terminou na década de 1970, um partido desse campo político deve entrar no Parlamento.

O Vox se opõe ao multiculturalismo, ao feminismo e à livre migração.

Qual é o resultado das urnas até agora?

Segundo 99% das urnas apuradas, os socialistas tiveram 28,7% dos votos, seguidos de Partido Popular (16,7%), Ciudadanos (15,8%), Unidas Podemos (14,3%) e Vox (10,3%).

Os socialistas devem ganhar 123 assentos e o Podemos, 42 assentos. No total, 165. O bloco deve buscar o apoio dos partidos catalães pró-independência e dos nacionalistas bascos para formar governo.

Do outro lado, o Partido Popular (PP), que governou a Espanha até deixar o poder em maio de 2018 em um voto de desconfiança, está caminhando para a pior eleição de sua história, com somente 66 assentos.

A cifra é muito aquém de uma coalizão majoritária com a centro-direita (Ciudadanos), com 57, e a direita radical (Vox), com 24. No total, teriam 146 assentos.

Segundo o Ministério do Interior da Espanha, 75,8% do eleitorado compareceu às urnas, um aumento de cerca de 5% em relação ao pleito de 2016.

Estima-se que a apuração dos votos seja concluída ainda neste domingo.

Quais são os pontos-chave da eleição?

A campanha altamente polarizada foi dominada por questões como identidade nacional, igualdade de gênero e o futuro da Catalunha.

A região semi-autônoma realizou um referendo sobre a independência em outubro de 2017 e declarou sua independência da Espanha semanas depois.

Uma dúzia de líderes desse movimento já foi julgada em Madri, enfrentando acusações como rebelião e insubordinação.

Analistas afirmam que o apoio ao Vox foi impulsionado pela raiva generalizada da independência. O partido se opõe fervorosamente a qualquer concessão aos separatistas.

Os direitos das mulheres também foram um dos principais temas de campanha. A violência sexual provocou grandes debates e protestos de rua em toda a Espanha, o que levou políticos a cortejarem ainda mais os votos das mulheres.

Vox, no entanto, se manifestou contra o que chama de "feminismo radical", dizendo que este "criminaliza" os homens.

O que disseram os líderes partidários?

Em entrevista após votar em uma seção perto de Madri, o primeiro-ministro Pedro Sánchez disse esperar por estabilidade.

"Depois de muitos anos de instabilidade e incerteza, é importante que hoje enviemos uma mensagem clara e definida sobre a Espanha que queremos. E a partir daí uma ampla maioria parlamentar deve ser construída para apoiar um governo estável", disse ele aos jornalistas.

Por outro lado, Albert Rivera, líder da centro-direita de Ciudadanos, cobrou novamente a saída de Sánchez do poder.

"Estas não são eleições normais. O que está em jogo é se queremos permanecer unidos, se queremos continuar sendo cidadãos livres e iguais, se queremos uma Espanha que olha para o passado ou para o futuro, um país de extremos ou de moderação," disse ele ao votar em Barcelona.

Pablo Casado, que assumiu a liderança do conservador Partido Popular depois de ter caído do poder em um voto de desconfiança em maio de 2018, disse que queria ver um "governo estável" para evitar as "legislaturas fracassadas" dos dois últimos anos.

O líder da Vox Santiago Abascal disse que muitos espanhóis estavam votando "sem medo de nada nem ninguém".

O que é o Vox?

Liderado por Santiago Abascal, um ex-membro do conservador PP, o partido surgiu em questão de meses com uma promessa de "tornar a Espanha grande novamente" (o que lembra a campanha do republicano americano Donald Trump).

Obteve cadeiras pela primeira vez em eleições locais na região sul da Andaluzia e, nas eleições deste ano, concordou em apoiar uma coalizão de centro-direita do PP e Ciudadanos.

O Vox rejeita o rótulo de extrema-direita, mas seus pontos de vista sobre a imigração e o lugar do Islã estão de acordo com os partidos populistas e de extrema-direita em outros lugares da Europa.

Integrantes da sigla defendem revogar leis contra a violência de gênero e se opõe ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Os críticos vêem isso como um retrocesso nacionalista ao ditador fascista Franciso Franco, que governou a Espanha até sua morte em 1975.

A Vox tem como objetivo deportar migrantes legalmente autorizados a estar na Espanha, caso tenham cometido algum delito, e quer impedir que qualquer migrante que entre ilegalmente permaneça no país.


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