Após visitar o museu do Holocausto, Bolsonaro diz que nazismo é de esquerda
Beatriz Montesanti e Talita Marchao*
Do UOL, em São Paulo
02/04/2019 11h08Atualizada em 02/04/2019 16h31
Após visitar o museu do Holocausto de Israel, cujos estudos indicam que o nazismo foi um movimento de extrema-direita, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) endossou a posição de seu chanceler, Ernesto Araújo, e afirmou que o nazismo foi um movimento de esquerda.
Questionado na entrada de seu hotel, em Jerusalém, se concorda com a afirmação, Bolsonaro respondeu: "Sem dúvidas. É o Partido Nacional Socialista da Alemanha".
O consenso majoritário entre os historiadores, incluindo os do museu visitado por Bolsonaro, é de que o nazismo foi um movimento radical de direita. O movimento liderado por Adolf Hitler no século 20 culminou com a morte de seis milhões de judeus.
Bolsonaro também repetiu uma citação que as redes sociais do Planalto haviam divulgado no domingo, primeiro dia de viagem a Israel. "É uma frase minha, que creio que cabe neste local, onde fazemos um exame de consciência: Aquele que esquece o seu passado está condenado a não ter futuro". Eu amo Israel", disse o presidente.
Parceria com Israel "veio para ficar", diz Bolsonaro
Neste terceiro e último dia de visita a Israel, Bolsonaro reafirmou que a parceira com o país "veio para ficar" e ouviu do primeiro-ministro que Israel "não tem limites" para contribuir com o Brasil.
O presidente foi questionado sobre a mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv, onde a maioria dos países mantêm representação diplomática em Israel, para Jerusalém, disputada por israelenses e palestinos.
A expectativa era que Bolsonaro anunciasse a medida nesta viagem. Em vez disso, o presidente anunciou a abertura de um escritório comercial em Jerusalém. "Um grande casamento começa com namoro", afirmou, sugerindo que os planos estão mantidos.
Na noite de ontem, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que acompanha a viagem do pai, disse que a mudança será feita "muito antes do final de seu mandato".
Mais cedo, Bolsonaro participou do fórum Missão Comercial Brasil-Israel em Jerusalém ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e falou da nova parceria entre ambos países.
Quero passar uma mensagem de confiança, de novos tempos e novos horizontes. Estamos à disposição de quem quiser investir no Brasil e tenham a certeza de que serão bem recebidos, bem tratados e que poderão confiar em nosso trabalho Jair Bolsonaro
O presidente brasileiro também disse que o escritório anunciado carimba o compromisso entre os dois países e afirmou que essa relação "veio para ficar".
Já o primeiro-ministro afirmou que Israel "não tem limites" para contribuir com o Brasil no âmbito da cibersegurança, agricultura, gestão da água e tecnologias da informação. "O céu é o limite", disse o chefe de governo israelense.
Presidente voltará mais cedo ao Brasil
Na manhã de hoje, Bolsonaro ainda visitou a Unidade de Contraterrorismo da Polícia de Israel , onde realizou tiros ao alvo, acompanhado de seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro, e do ministro de Segurança Interna de Israel, Gilard Erdan. Depois, se encontrou com centenas de empresários brasileiros e israelenses que vivem no país.
Durante sua passagem por Israel, Bolsonaro também visitou o Muro das Lamentações acompanhado pelo premiê israelense, Benjamin Netanyahu - o que é considerado um gesto histórico. Tradicionalmente, presidentes não visitam o Muro acompanhados de autoridades de Israel, como forma de manter a equidistância do conflito israelo-palestino.
O presidente encurtou sua viagem e deve decolar rumo ao Brasil às 9h30 no horário local (3h30 do horário de Brasília). A chegada a Brasília está prevista para as 18h40. (Com informações da agência EFE)