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Assessora que estava com Marielle diz que fugiu por temer novo ataque

Carro em que estavam Marielle, Anderson e Fernanda - Luis Kawaguti/UOL
Carro em que estavam Marielle, Anderson e Fernanda Imagem: Luis Kawaguti/UOL
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Téo Takar

Do UOL, em São Paulo

10/03/2019 22h43

Quase um ano após a morte de Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, uma assessora que estava no mesmo veículo onde a vereadora foi morta decidiu quebrar o silêncio e concedeu entrevista ao programa Fantástico, da rede Globo.

A jornalista Fernanda Chaves afirmou que não é uma testemunha do caso, porque não conseguiu ver quase nada no momento do ataque. Ela explicou que deixou o país após a morte de Marielle e Anderson por medo de sofrer um novo atentado.

"Estou vindo aqui com a cara aberta. Se eu falasse aqui de costas, escondida em meio às sombras, poderia reforçar o entendimento de que eu sou testemunha do crime. Na verdade, eu só ouvi a rajada de metralhadora e me abaixei", disse Fernanda, que deixou o Brasil logo após o atentado e ficou três meses escondida com a família na Europa. "Fui para a delegacia abraçada com meu advogado e abaixada."

Tinha a sensação de que poderia levar outra rajada a qualquer momento. Por isso resolvi sair do país
Fernanda Chaves, assessora de Marielle Franco

"O estado do Rio de Janeiro estava sob intervenção federal, as tropas estavam nas ruas. E, mesmo nessas circunstâncias, o carro de uma vereadora foi metralhado. Você fica com sensação de que a qualquer momento o seu carro poderá ser metralhado de novo", afirmou.

Uma das hipóteses de investigação da morte de Marielle considera a possibilidade de um crime político, com envolvimento de milicianos e agentes públicos.

A proximidade de Marielle com o então deputado estadual e agora deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) também sugere que o crime contra a vereadora, na verdade, poderia ter sido uma forma de vingança contra o deputado.

Segundo Fernanda Chaves, Marielle não tinha inimigos políticos, embora sua presença não agradasse alguns dos vereadores cariocas, e sua legislatura não mirava a atuação das milícias no Rio de Janeiro.

"Ela não tinha as milícias como alvo. O foco dela eram as questões ligadas à violência da mulher. Marielle despertava ódio nos machistas, dos racistas. Alguns vereadores não gostavam de ter uma mulher negra e lésbica como colega. Alguns se incomodavam de entrar no elevador com ela", declarou ela.

O assassinato de Marielle e Anderson completa um ano na próxima quinta-feira (14). Até hoje, ninguém foi indiciado ou preso por envolvimento direto com o crime, que é investigado sob sigilo de Justiça.

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