Bolsonaro não quis criticar o Carnaval, diz Presidência sobre vídeo obsceno
Depois de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) postar ontem no Twitter um vídeo em que um homem faz gestos obscenos e urina em outro e gerar polêmica na internet, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República se pronunciou no início da noite de hoje. Ontem, quando questionada pelo UOL sobre o vídeo, a assessoria não quis se manifestar.
Segundo a nota, "não houve intenção de criticar o Carnaval de forma genérica, mas sim caracterizar uma distorção clara do espírito momesco, que simboliza a descontração, a ironia, a crítica saudável e a criatividade da nossa maior e mais democrática festa popular".
Ainda de acordo com o documento, o ato gravado em vídeo "escandalizou" Bolsonaro e é "um crime, tipificado na legislação brasileira, que violenta os valores familiares e as tradições culturais do Carnaval".
Junto às imagens veiculadas em seu Twitter, o presidente escreveu dizendo que "é isto que tem virado muitos blocos de rua no Carnaval brasileiro".
Hoje, após a polêmica ganhar a internet com o aumento das buscas por "golden shower", Bolsonaro perguntou aos seguidores da rede social o que significava termo. Hashtags como "#goldenshowerpresident", #"VergonhaDessePresidente" e "#BolsonaroTemRazão" ficaram hoje entre as mais citadas do Twitter no Brasil.
Leia a nota da Presidência na íntegra:
A respeito de publicação realizada na conta pessoal do Presidente da República, em 5 de março, convém esclarecer que:
- No vídeo, postado pelo Sr Presidente da República em sua conta pessoal de uma rede social, há cenas que escandalizaram, não só o próprio Presidente, bem como grande parte da sociedade.
- É um crime, tipificado na legislação brasileira, que violenta os valores familiares e as tradições culturais do carnaval.
- Não houve intenção de criticar o carnaval de forma genérica, mas sim caracterizar uma distorção clara do espírito momesco, que simboliza a descontração, a ironia, a crítica saudável e a criatividade da nossa maior e mais democrática festa popular.
O que diz o bloco
A organização do bloco Blocu, que desfilou no centro de São Paulo e onde foi gravado o vídeo compartilhado por Bolsonaro, argumentou que as imagens estão sendo usadas para promover intolerância e "incitar o ódio à comunidade LGBT+".
"Lamentamos que o atual presidente do Brasil tenha escolhido, de forma irresponsável e indecorosa, um fato isolado sobre o Carnaval de 2019 para postar em suas redes sociais", disseram os organizadores em nota divulgada hoje.
Ainda de acordo com a produção, o post do presidente mostra uma tentativa de "desmerecer a voz das ruas na maior e mais importante festa brasileira, o Carnaval, uma manifestação política por natureza e vitrine cultural da primeira economia da América do Sul". Segundo a nota do bloco, "a organização e os artistas do evento não são responsáveis pelas ações de cidadãos em local público".