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Sérgio Moro desconvidou Ilona Szabó de seu ministério: o que aconteceu?

Meme de Sérgio Moro com comportamentos distintos - Reprodução/Twitter
Meme de Sérgio Moro com comportamentos distintos Imagem: Reprodução/Twitter

Do BOL, em São Paulo

01/03/2019 17h15

Ilona Szabó foi convidada pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, para integrar, como suplente, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária no dia 22 de fevereiro. Mas, seis dias depois, foi desconvidada e exonerada.

O que aconteceu?

Para entender essa história, é preciso voltar no dia 27 de novembro de 2018, quando Bolsonaro, após prometer uma equipe com 15 ministérios, voltou atrás e disse que o número não 'chegaria a 20'. No dia seguinte, ele fechou a equipe em 22 ministérios.

Um dos primeiros ministros anunciados por Bolsonaro foi Sergio Moro, que aceitou o convite de comandar o "superministério" da Justiça e Segurança Pública no primeiro dia de novembro do ano passado.

Para o presidente, Moro é "soldado que vai à guerra sem medo de morrer".

Bolsonaro sobre Sergio Moro: "soldado que vai à guerra sem medo de morrer"

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Enquanto Bolsonaro fazia analogias, Moro estava preocupado com seu legado. Em dezembro, dias antes de se alistar na tropa ministerial de Jair Bolsonaro, declarou:

"Eu não assumiria um papel de ministro da Justiça com o risco de comprometer a minha biografia, o meu histórico."

Sergio moro e Paulo Guedes  - Ian Cheibub/Folhapress - Ian Cheibub/Folhapress
1º.nov.2018 - Sergio moro e Paulo Guedes aparecem em portaria do condomínio de Jair Bolsonaro no Rio
Imagem: Ian Cheibub/Folhapress

No fim do mês de janeiro, entre os dias 22 e 25, Bolsonaro convidou Moro para acompanhá-lo no Fórum Econômico Mundial que aconteceu em Davos, na Suíça. O ministro da Justiça e da Segurança Pública era um dos principais integrantes de um debate sobre "restaurar confiança e integridade".
 

No debate, Moro conheceu Ilona Szabó, cientista política e diretora do Instituto Igarapé, que é um "think tank" em questões emergentes de segurança e desenvolvimento. O termo "think tank" representa instituições que se dedicam a produzir e difundir informações sobre temas específicos com o objetivo de influenciar ideias na sociedade e decisões na política.

Ilona Szabó - Ricardo Borges/Folhapress - Ricardo Borges/Folhapress
Ilona Szabó
Imagem: Ricardo Borges/Folhapress

Logo de cara, identificaram várias convergências de ideias. O tempo passou e, na sexta-feira, dia 22 de fevereiro, ela foi convidada por Moro para integrar, como suplente, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.

Na quarta-feira, dia 27 de fevereiro, Ilona foi a Brasília para fazer uma apresentação de sua metodologia a Moro e ao secretário de Segurança Pública, Guilherme Teóphilo. 

Na quinta-feira, 28, as redes sociais amanheceram com protestos contra a indicação feita por Moro, por Ilona defender maior controle no porte de armas - o que vai contra a bandeira defendida por Bolsonaro durante toda a sua campanha presidencial.

No mesmo dia, a cientista política foi exonerada do Conselho, antes de completar uma semana.

Uma reportagem da Folha de S. Paulo revelou que Bolsonaro demonstrou profunda irritação com a nomeação de Ilona - especialmente depois de ter passado o dia recebendo mensagens com cobranças de apoiadores. 

Ficou entendido que Ilona Szabó foi privada de atuar como conselheira do Estado por excesso de qualificação. Moro tentou se explicar, sem sucesso: "Diante da repercussão negativa em alguns segmentos, optou-se por revogar a nomeação, o que foi previamente comunicado à nomeada e a quem o ministério respeitosamente apresenta escusas". A história caiu na web e, claro, virou meme.

Meme ironizando Sérgio Moro - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Meme ironizando Sérgio Moro
Imagem: Reprodução/Twitter

Em entrevista ao Estadão, Ilona se posicionou: "O ministro me pediu desculpas. Disse que ele lamentava, mas estava sendo pressionado, porque o presidente Bolsonaro não sustentava a escolha na base dele".

Com a exoneração de Ilona, o presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, pediu sua exoneração do Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social em apoio à colega. 

Não só ele, mas também a promotora integrante do Conselho Nacional de Política Penitenciária, Monica Barroso, atacada ao lado de Ilona nas redes, pediu exoneração de seu mandato, que iria até 2020.

Depois de toda essa história, que mais parece série policial, os cães fiéis de Bolsonaro usaram o Twitter para se manifestar. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou no Twitter

Já o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que está de volta às redes sociais após um sumiço por causa do caso Queiroz, chamou Ilona de "cara de pau" por aceitar o cargo:

Em entrevista ao Estadão, Ilona já havia explicado a razão de aceitar o convite: "O diálogo é a melhor ferramenta para construir políticas públicas. Conselheiros costumam vir de todos os setores, com visões diferentes, diversas maneiras de ver o mundo. Dá trabalho, mas é assim que a gente constrói boas políticas públicas".

E ela ainda deu uma baita cutucada:

"O presidente Bolsonaro ainda não se elevou à altura do cargo que ocupa. Um presidente tem que construir diálogos e consensos. Quando ele diz que quem pensa diferente é inimigo, mostra que não está à altura do País."

29.mar.2007 - Ilona Szabó de Carvalho - Rafael Andrade/Folhapress - Rafael Andrade/Folhapress
29.mar.2007 - Ilona Szabó de Carvalho
Imagem: Rafael Andrade/Folhapress

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