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Homem que espancou empresária não tem distúrbios, dizem exames

Foto de arquivo da empresária Elaine Caparróz, que ficou desfigurada após ser espancada por homem no Rio de Janeiro - Acervo pessoal/Facebook
Foto de arquivo da empresária Elaine Caparróz, que ficou desfigurada após ser espancada por homem no Rio de Janeiro Imagem: Acervo pessoal/Facebook

Roberta Jansen

Estadão Conteúdo

27/02/2019 17h54

O estudante de direito Vinicius Batista da Serra, de 27 anos, que espancou a paisagista Elaine Peres Caparroz, de 55 anos, teve alta no início da tarde desta quarta-feira, 27, do Hospital Penal Psiquiátrico Roberto Medeiros, onde estava internado. Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), não foram constatados distúrbios psicológicos e, por isso, ele será transferido para uma unidade prisional comum.

"O interno ficou acautelado na unidade prisional em observação médica, onde, após última avaliação psiquiátrica, foi constatada estabilidade no quadro médico. Além disso, após resultados dos exames feitos durante a internação, não houve alteração do quadro clínico psicopatológico", informou a Seap, em nota.

O Ministério Público do Estado do Rio divulgou nesta quarta-feira que Serra não só teve a intenção de matá-la como, de fato, acreditava que ela estava morta quando deixou seu apartamento. Por isso, o MPRJ pediu a condenação do agressor por homicídio qualificado, com penas de prisão que vão de 12 a 30 anos.

Segundo o MP, o denunciado, "consciente e voluntariamente e com a intenção de matar, espancou violentamente a vítima, causando-lhe lesões corporais graves". Ainda de acordo com o MP, Serra deixou a casa de Elaine, na manhã do sábado, 16, acreditando que havia matado a paisagista.

"De acordo com a denúncia, o crime não ocorreu por circunstâncias alheias à vontade de Serra, que deixou a residência de Elaine acreditando que havia matado a vítima", sustentou o MP. Além disso, apontou um agravante: "A tentativa de homicídio foi praticada de forma dissimulada, já que o denunciado marcou um encontro prévio com a agredida, ocultando sua intenção de matar."

Em postagem em uma rede social, a própria Elaine confirmou a intenção de Serra: "Fui agredida por várias horas seguidas, o que demonstra intensa crueldade e a intenção dele de matar. Só não o fez porque eu obtive socorro, ou seja, por uma circunstância que não dependeu da vontade dele! Apesar dos meus gritos de socorro, ele não titubeou e prosseguiu com o espancamento".

Para o MP, a forma como o crime foi praticado, "com múltiplos golpes desferidos, além da longa duração das agressões, também demonstra a crueldade do ato, executado por razões da condição de sexo feminino e em evidente menosprezo à condição da mulher, o que caracteriza o feminicídio".

Os procuradores pedem que Serra seja condenado por homicídio qualificado, que prevê pena de reclusão de 12 a 30 anos. Além disso, informaram, ele deve ser condenado também ao pagamento de indenização por danos materiais e morais causados à vítima.

Serra e Elaine se conheceram por meio de uma rede social e durante oito meses conversaram virtualmente. No último dia 16 marcaram o primeiro encontro, na casa dela, na Barra da Tijuca, na zona oeste. De acordo com depoimento de Elaine à polícia, eles tomaram vinho, conversaram um pouco e foram dormir. No meio da noite, ela foi acordada e violentamente agredida por Serra ao longo de toda a madrugada.

A paisagista acredita que foi drogada por Serra. A polícia concluiu que ele agiu de forma premeditada, desde o momento em que pediu a amizade de Elaine nas redes sociais.

Elaine foi casada com Ryan Gracie, lutador de jiu-jitsu morto em 2007. Ela é mãe de Rayron Gracie, que também é lutador. Nos perfis de Vinícius nas redes sociais, ele é identificado algumas vezes como lutador de jiu-jitsu. Circula a história de que Vinícius teria sido expulso de uma academia da família Gracie e teria agido por vingança. Ele é conhecido no meio pelo temperamento violento e tem um registro policial de agressão ao próprio irmão.

A paisagista lembrou que o Brasil aparece em quinto lugar no ranking mundial feminicídios, segundo dados de 2015. "Vamos juntas fazer o possível para combater a violência contra a mulher", escreveu ela. "'Nem uma a menos' deve ser a bandeira de toda a sociedade que precisa agir diante dessas ocorrências".

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