Tartarugas são encontradas com cabeça e nadadeiras decepadas em Alagoas
Dezessete tartarugas foram encontradas mortas na praia de Feliz Deserto, litoral sul de Alagoas, nesta segunda-feira (4). A maioria dos animais tinha os membros decepados, faltando nadadeiras e cabeças. A suspeita é que elas tenham sido vítimas de redes de pescadores.
"As mortes têm características de não terem ocorrido de forma natural, até pela quantidade em um dia só. Acreditamos que está ocorrendo uma ação específica de pesca que está vitimando as tartarugas marinhas", diz Bruna Teixeira, coordenadora de monitoramento do Instituto Biota de Conservação.
O "alvo" da pesca predatória, no geral, não são as tartarugas, mas os peixes que, concentrados, chamam atenção das tartarugas, que se enroscam nas redes.
Há também a hipótese de que os animais tenham sido vítimas de motores de barcos.
Os corpos foram encontrados durante monitoramento rotineiro do Instituto Biota, que acompanha tartarugas marinhas no litoral de Alagoas. Uma ossada de um animal marinho, provavelmente mamífero, também foi encontrada na área.
Segundo Teixeira, o registro de hoje é o maior já contabilizado no Estado.
"Nos nove meses que estamos monitorando o litoral de Alagoas, desde Maragogi, ao norte, até Feliz Deserto, ao sul, este é o maior número de tartarugas mortas encontradas na área. Este mês já registramos casos de 9, 10, mas a morte de 17 tartarugas marinhas num só dia é a primeira vez", diz Teixeira.
Segundo a bióloga, a mortandade de tartarugas atingiu um grau alarmante neste mês de janeiro. O Instituto contabilizou a morte de 100 tartarugas ao todo no mês.
Monitores do Biota têm flagrado barcos pesqueiros próximos à costa, o que não é permitido por lei. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) foi informado sobre a irregularidade e deverá fiscalizar a área nos próximos dias.
A maioria das tartarugas encontradas é da espécie Chelonia mydas e são jovens. Elas serão examinadas pelos biólogos e, ao fim dos trabalhos, serão enterradas na praia.