Maduro diz que Trump quer matá-lo; Rússia pede mediação
O líder socialista da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de ordenar seu assassinato, enquanto a Rússia, sua principal apoiadora global, pediu nesta quarta-feira uma mediação para um impasse que agrava divisões geopolíticas.
A luta para controlar a Venezuela, que tem as maiores reservas de petróleo do mundo, intensificou-se devido a novas sanções e medidas legais dos EUA que podem provocar a prisão do líder opositor e autoproclamado presidente interino Juan Guaidó.
Em uma entrevista à agência de notícias russa RIA, Maduro, de 56 anos, que enfrenta o maior desafio ao seu governo desde que substitui Hugo Chávez seis anos atrás, disse que Trump ordenou à vizinha Colômbia que o mate.
"Donald Trump sem dúvida deu uma ordem para me matar e disse ao governo da Colômbia e à máfia colombiana para me matarem", afirmou Maduro, repetindo uma acusação constante que ele e Chávez fizeram ao longo dos anos.
Bogotá e Washington negam isso rotineiramente a acusação, e rivais dizem que Maduro usa tais acusações como uma cortina de fumaça quando está em apuros.
Mas a especulação sobre uma ação militar contra o líder socialista foi atiçada nesta semana quando John Bolton, um conselheiro de Trump, foi visto com um bloco de anotações com as palavras "5 mil militares para a Colômbia".
Em um tuíte publicado no início da manhã, Trump aconselhou os cidadãos norte-americanos a evitarem viajar à Venezuela por causa dos distúrbios.
A Rússia, que assim como a China emprestou e investiu bilhões de dólares na Venezuela, país-membro da Opep, pediu a Guaidó que desista de sua exigência de uma eleição antecipada e que, ao invés disso, aceite uma mediação.
Mas dado o fracasso de rodadas de negociação anteriores, inclusive uma liderada pelo Vaticano, os oponentes estão desconfiados, acreditando que Maduro as usa para conter os protestos e ganhar tempo.
Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela impôs uma proibição de viagens a Guaidó e congelou suas contas bancárias, em uma aparente retaliação às sanções adotadas pelos Estados Unidos ao petróleo venezuelano, que devem abalar consideravelmente a economia já em apuros do país-membro da Opep.
Os EUA são os maiores importadores de petróleo da Venezuela, à frente da Índia e da China, mas as novas medidas limitam transações entre empresas norte-americanas e a estatal petroleira venezuelana PDVSA.
Os preços do petróleo se mantinham estáveis nesta quarta-feira, já que as preocupações com o suprimento venezuelano foram ofuscadas pela perspectiva econômica global desanimadora. Os títulos da PDVSA podem ser excluídos dos principais índices, o que também impactaria os títulos soberanos, disse o Bank of America Merill Lynch.
Na entrevista à RIA, Maduro voltou a dizer que está pronto para conversações com a oposição, mas rejeitou mais uma vez convocar eleições antecipadas.
(Reportagem adicional de Gabrielle Tétrault-Farber e Maria Kiselyova, em Moscou; Susan Heavey, em Washington; e Karin Strohecker e Noah Browning, em Londres)