Filha de brasileira, militar de Israel se comove em operação em Brumadinho
A tenente das forças israelenses Amit Levi, 21, vem ao Brasil todos os anos para visitar a família. Mas ela classifica esta passagem pelo país como "especial": Amit aterrissou no último domingo (27) com outros 135 militares israelenses para ajudar no resgate das vítimas do rompimento da barragem da Vale de Brumadinho (MG).
"Foi muito emocionante descobrir que eu viria para o Brasil trabalhar em uma grande tragédia", disse Amit ao UOL, em português. Ela aprendeu o idioma com a mãe, brasileira, e os avós.
"Todo ano, passo dois meses visitando meus avós e tios no Rio de Janeiro, é um lugar que amo muito. E agora estou aqui para ajudar. Para mim isso tem um sentimento muito especial", afirmou Amit.
Brumadinho é o primeiro trabalho da militar em um grande desastre. Ela integra as equipes de busca e resgate e, nos últimos dois dias, trabalhou em meio a lama que vazou da barragem da mina do Córrego do Feijão.
"Estar aqui nesse momento tão difícil deixa essa minha relação com o país ainda mais especial, me emociona", afirmou.
Graças ao conhecimento operacional e à fluência no idioma, comanda um grupo de patrulhamento que tem entre 15 e 20 soldados.
"Ver tudo isso foi muito difícil, a lama destruiu tudo por onde passou. É bem difícil saber se alguém ainda tem chance de ter sobrevivido. Mas a gente tem que fazer tudo o que for possível para ajudar. Tem muitas famílias que estão esperando seus entes queridos", disse Amit.
Ela passou a última terça-feira trabalhando na área onde, acredita-se, profissionais da Vale faziam sua pausa de almoço.
"A gente anda na lama e procura com as próprias mãos, conta com o apoio de cachorros. Os equipamentos que trouxemos também ajudam na remoção de terra e cortam grandes estruturas, como a lataria de veículos ou paredes de casas", explica a jovem.
Dos 136 militares israelenses, dois falam português
Além de Amit, outro militar israelense nas buscas fala português: Rafael Sadi, de 64 anos. Ele não vai a campo, atua na parte de planejamento e logística.
Aprendeu português sozinho, "nas ruas cariocas", em suas viagens como "mochileiro" na juventude, e morou alguns anos no Rio de Janeiro com a família, enquanto trabalhava na cidade.
"Eu já vi muitos desastres, terremotos com muitas vítimas. Estive no Haiti, depois do terremoto que teve milhares de vítimas. No México também, depois de outro terremoto. Mas esse desastre aqui é muito complicado para as equipes de resgate", conta Rafi.