Preservar a vida é uma estratégia da luta, diz Jean Wyllys em despedida
Em uma publicação de despedida nas suas redes sociais, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL) afirmou que "preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores". Conforme revelado pela Folha de S. Paulo nesta quinta-feira (24), o parlamentar vai deixar o país e abrir mão do mandato de deputado em função de ameaças que ele diz ter recebido.
"E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração. Axé!", escreveu Wyllys.
Mais cedo, em entrevista à Folha, Wyllys afirmou que vive sob constantes ameaças. Desde o assassinato da vereadora Marielle Franco, também do PSOL, o deputado passou a viver sob escolta policial.
Além disso, o fato de familiares de um ex-policial militar suspeito de integrar uma milícia terem trabalhado para o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) também foi preponderante na decisão, segundo o deputado. A milícia citada por Wyllys é investigada pela participação no assassinato de Marielle.
"Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário", afirmou Wyllys. "O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim", disse à Folha.
Jean Wyllys tem 44 anos e, em 2018, foi eleito para seu terceiro mandato como deputado federal com 24.295 votos. Apesar do baixo número, ele conseguiu uma das 46 vagas reservadas para o Rio de Janeiro devido ao quociente eleitoral oriundo da expressiva votação de nomes como o de Marcelo Freixo (mais de 342 mil votos) e Talíria Petrone (mais de 107 mil).
A vaga de Jean na Câmara a partir de fevereiro deverá ficar com seu suplente, o vereador David Miranda (PSOL-RJ).