Atleta quebra vértebra e seis meses depois usa aparelho de tortura para disputar maratona

O atual detentor do recorde mundial do Ironman (modalidade de triathlon), o britânico Tim Don, sofreu uma fratura na vértebra cervical há seis meses em um acidente de carro, ferimento semelhante ao encontrado em alguém que morreu enforcado. Com a lesão, lhe sobraram duas opções: um colarinho duro que deixaria os ossos se curarem sozinhos, mas não era aconselhável por causa da gravidade da fratura ou a cirurgia que fundiria as vértebras, prometendo uma solução rápida e uma recuperação confortável que, no entanto, limitaria a amplitude de movimento do pescoço, encerrando sua carreira atlética. Porém, havia uma terceira ideia: ele poderia usar uma auréola que foi instrumento de tortura na era medieval. As informações são do "New York Times".

Seis meses após os pinos terem sido enroscados no crânio, com muita dor  - desencadeada pelo esforço do atleta, ele competiu a Maratona de Boston, que aconteceu na última segunda-feira (16). Tim Don contrariou a todos e terminou a prova em 2h 49 min e 42 seg, superando até mesmo suas próprias expectativas.

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"O halo é como um dispositivo de tortura medieval", disse seu médico em entrevista ao New York Times. “É uma experiência miserável, mas é a melhor opção para uma recuperação completa sem limitações a longo prazo. Você pega pinos de titânio e os enrosca no crânio, dois na frente e dois na parte de trás, e os prende a barras de metal, que são fixados a um busto que você usa por três meses e que você não pode tirar. É pura tortura. Mas funciona", completou.

Ele disse recentemente que o retorno à competição era sua única opção. "Se eu vou me recuperar, vou me recuperar", disse. "Vou ultrapassar os limites e voltar o mais rápido que puder, e tentar ser ainda melhor do que antes. Por que não?".

Sua grande conquista chegou no ano passado, quando ele venceu cinco das seis corridas disputadas e, em 28 de maio de 2017, bateu o recorde mundial do Ironman em Florianópolis, Santa Catarina. 

Foi no dia 11 de outubro de 2017 que sua vida mudou. Don passeava na rua quando um veículo apressado o atingiu. "Eu vi e, 20 minutos depois, acordei", disse Don. “Eu pensei que estava bem e que não tomaria morfina, dizendo a todos: 'Não, eu vou correr, vou correr'".

Durante três semanas, ele estava em uma cadeira em um canto da sala de estar de sua casa, incapaz de dormir por mais de 90 minutos de cada vez. Todo o seu lado direito estava escuro com contusões e inchaços. 

Mas, ao afastar-se dos analgésicos, Don estava decidido a ir além dos limites de seu halo de metal para lutar por um retorno competitivo.

Foi então que improvisaram um plano. Enquanto Don ainda estava no halo, eles trabalhavam no fortalecimento de sua parte inferior do corpo. Logo, ele estava meticulosamente usando uma bicicleta ergométrica, tomando cuidado para não se inclinar para frente e sobrecarregar o pescoço. Ele acabou fazendo mais trabalho de condicionamento geral do que ele já havia feito em sua carreira.

Uma semana antes da maratona, Don tinha até 20 horas de treinamento, comparado com os seus 30 típicos antes da lesão. Ele está planejando competir em um Ironman em julho. "Eu não tenho ideia se isso vai funcionar", disse ele. "Só sei que preciso dar uma chance porque estamos todos tentando ser mais rápidos do que os outros e, enquanto estou aqui, eles estão tentando superar meu recorde mundial. Eu só não quero ser o segundo no mundo. Eu quero ser o melhor e farei o que for preciso", finaliza.

(Com informações do New York Times)

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