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Acusação de advogado contra Moro é caso de 'prisão preventiva', diz crítico da Lava Jato

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, lançou críticas a Moro - Pedro Ladeira/Folhapress
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, lançou críticas a Moro Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress
do UOL

Do UOL, em São Paulo

27/08/2017 15h47Atualizada em 27/08/2017 17h35

Crítico da Lava Jato e defensor de investigados pela operação, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, afirmou neste domingo (27) que a relação do juiz Sergio Moro com o advogado Carlos Zucolotto Junior deveria ser interpretada como crime de obstrução de Justiça e "com prisão preventiva decretada com certeza".

O criminalista faz o ataque irônico contra o juiz federal em referência à reportagem da Folha de S.Paulo deste domingo (27). Segundo a publicação, o advogado Rodrigo Tacla Duran, que trabalhou para a Odebrecht de 2011 a 2016, acusa Zucolotto Junior, amigo de Moro, de fazer negociações com a força-tarefa da Lava Jato.

Zucolotto é amigo pessoal de Sérgio Moro e, segundo a Folha, foi padrinho do casamento do juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba e sócio da mulher de Moro, Rosângela Wolff. Moro diz que acusação de advogado é "absolutamente falsa".

Segundo Kakay, Moro deveria ser preso preventivamente atendendo aos critérios da "República do Paraná". "Se o tal Deuslagnol [o advogado se refere ao procurador Deltan Dallagnol] não usaria a imprensa e a rede social para expor estes fortes “indícios” que se entrelaçam na visão punitiva. Devemos continuar dando a eles a presunção de inocência, mesmo sabendo que eles agiriam de outra forma", disse Kakay.

O amigo de Moro teria pedido 1/3 de honorários em pagamentos “por fora”, segundo o ex-advogado da Odebrecht, para ajudar a diminuir a pena e a multa estipuladas no acordo de delação premiada.

Tacla Duran foi acusado de lavagem de dinheiro e de formação de organização criminosa pelo Ministério Público Federal. O advogado tentou fazer delação premiada, mas as negociações fracassaram.

O juiz Sergio Moro saiu em defesa do advogado Carlos Zucolotto Junior e disse, por meio de nota, ser "lamentável que a palavra de um acusado foragido da Justiça brasileira seja utilizada para levantar suspeitas infundadas sobre a atuação da Justiça".

"A alegação de Rodrigo Tacla Duran de que o sr. Carlos Zucolotto teria prestado alguma espécie de serviço junto à força-tarefa da Lava Jato ou qualquer serviço relacionado à advocacia criminal é falsa", disse o magistrado.

Moro admite que os dois são amigos –Zucolotto foi padrinho de casamento dele e os dois vão juntos a programas como um show do Skank, em Curitiba.

"O sr. Carlos Zucolotto é pessoa conhecida do juiz titular da 13ª Vara Federal [o próprio Moro] e é um profissional sério e competente", afirma o magistrado.

Na manhã deste domingo (27), o magistrado divulgou nota reiterando as afirmações feitas à Folha.

Ele acrescentou que "o relato de que o advogado em questão teria tratado com o acusado foragido Rodrigo Tacla Duran sobre acordo de colaboração premiada é absolutamente falso".

"Nenhum dos membros do Ministério Público Federal da força-tarefa em Curitiba confirmou qualquer contato do referido advogado sobre o referido assunto ou sobre qualquer outro porque de fato não ocorreu qualquer contato", diz a nota do magistrado.

Também neste domingo, a força-tarefa da Lava Jato também divulgou nota repudiando as declarações "do réu foragido da Justiça". "Em obediência à regra legal, o juiz federal Sergio Moro não participou de qualquer fase das negociações do acordo de colaboração premiada", diz a nota.

Ainda segundo a força-tarefa, nenhum dos integrantes da Lava Jato possui ou já possuiu relacionamento pessoal ou profissional com o advogado Carlos Zucolotto Jr.

Leia a íntegra da nota divulgada pelo juiz Sergio Moro neste domingo (27):

  • "O advogado Carlos Zucolotto Jr. é advogado sério e competente, atua na área trabalhista e não atua na área criminal;
  • O relato de que o advogado em questão teria tratado com o acusado foragido Rodrigo Tacla Duran sobre acordo de colaboração premiada é absolutamente falso;
  • Nenhum dos membros do Ministério Público Federal da força-tarefa em Curitiba confirmou qualquer contato do referido advogado sobre o referido assunto ou sobre qualquer outro porque de fato não ocorreu qualquer contato;
  • Rodrigo Tacla Duran não apresentou à jornalista responsável pela matéria qualquer prova de suas inverídicas afirmações e o seu relato não encontra apoio em nenhuma outra fonte;
  • Rodrigo Tacla Duran é acusado de lavagem de dinheiro de milhões de dólares e teve a sua prisão preventiva decretada por este julgador, tendo se refugiado na Espanha para fugir da ação da Justiça;
  • O advogado Carlos Zucolotto Jr. é meu amigo pessoal e lamento que o seu nome seja utilizado por um acusado foragido e em uma matéria jornalística irresponsável para denegrir-me; e
  • Lamenta-se o crédito dado pela jornalista ao relato falso de um acusado foragido, tendo ela sido alertada da falsidade por todas as pessoas citadas na matéria."

Leia a íntegra da nota da força-tarefa da Lava Jato:

1. A coluna de Mônica Bergamo no jornal Folha de S.Paulo deste domingo, 27 de agosto de 2017, reproduz, sem qualquer constatação de veracidade pela colunista, trechos de um "livro" fantasioso escrito por Rodrigo Tacla Duran, réu foragido da justiça brasileira.

2. Nas reuniões de negociação entre esse réu e a força-tarefa Lava Jato no Ministério Público Federal em Curitiba, Rodrigo Tacla Duran esteve sempre e exclusivamente representando pelo advogado Leonardo Pantaleão.

3. Em obediência à regra legal, o juiz federal Sergio Moro não participou de qualquer fase das negociações do acordo de colaboração premiada.

4. Nenhum dos membros da força-tarefa Lava Jato possui ou já possuiu relacionamento pessoal ou profissional com o advogado Carlos Zucolotto Jr., citado por Rodrigo Tacla Duran. Os procuradores jamais mantiveram com Carlos Zucolotto Jr. qualquer conversa sobre esse caso ou sobre qualquer outro.

5. Durante as negociações, Rodrigo Tacla Duran revelou-se incompatível com os requisitos legais para a celebração do acordo, motivo pelo qual o MPF encerrou as negociações.

6. Rodrigo Tacla Duran foi acusado pela força-tarefa Lava Jato por crimes de lavagem de dinheiro e de pertinência à organização criminosa, e se encontra foragido do país e confinado na Espanha.

7. Os recursos ilícitos havidos por Rodrigo Tacla Duran da Odebrecht, no exterior, foram bloqueados por autoridades estrangeiras e permanecem nessa condição.

8. A força-tarefa também solicitou a prisão de Rodrigo Tacla Duran, o que foi deferido pelo juiz Sérgio Moro, sendo requerida a difusão vermelha junto à Interpol para a sua prisão no exterior.

9. Tacla Duran foi preso na Espanha e chegou a ter sua extradição autorizada para o Brasil, o que não ocorreu apenas por ausência de promessa de reciprocidade pelo governo brasileiro.

10. As inverdades propaladas por Rodrigo Tacla Duran não revelam mais do que a total falta de limites de um criminoso foragido da Justiça, acusado da prática de mais de 100 delitos de lavagem de dinheiro, cujo patrimônio –ilicitamente auferido– encontra-se bloqueado no Brasil e no exterior.

11. Diante da absoluta impossibilidade de enfrentar os fatos criminosos que lhe são imputados, Rodrigo Tacla Duran tenta desesperadamente atacar aqueles que o investigam, processam e julgam, no intuito de afastar o seu caso das autoridades que atuam na operação Lava Jato. 

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