Ele foi da arma pifada à medalha inédita e hoje busca novos patrocínios

Alexandre Galgani se preparou, apertou o gatilho e.. nada. Era a estreia dele em competições de tiro paralímpico. A adversidade foi superada e ele pôde competir, "mas fui mal", conta ele. Passados 11 anos após aquele episódio, subiu ao pódio em Paris-2024 para receber a prata na carabina de ar R5 deitado 10m SH2 misto, a primeira medalha no tiro paralímpico do Brasil.
A minha estreia foi no Sul-Americano no final de 2013. Eu comprei uma arma bem antiga por questões financeiras. Nos 15 minutos de ensaio, ela funcionou. Na hora do start, pifou (risos). Um rapaz de um estande falou: 'fica tranquilo que vou consertar'. Ele trouxe de volta e terminei a prova, mas fui mal. Em seguida precisava comprar uma arma nova Alexandre Galgani
A arma nova veio com o auxílio de Ana Lúcia Galgani, irmã do pai dele. "Minha tia tinha sido demitida, pegou todo o fundo de garantia e me emprestou. Comprei uma arma usada ainda, mas mais nova, e paguei a ela parcelado. Com essa arma, treinei bastante. No começo de 2014, na primeira competição, consegui bater o recorde brasileiro e entrei pra seleção"
Aos 18 anos, Galgani bateu a cabeça no fundo de uma piscina em um mergulho e sofreu uma lesão na coluna, que o deixou tetraplégico. Ele participou do CBC & Clubes Expo, que foi realizada em Campinas, São Paulo, entre os dias 11 e 15 de março, e concedeu a palestra "Federação Paulista de Tiro Esportivo: O percurso de Alexandre Galgani até a medalha paralímpica".
Eu conto um pouco da minha história, da superação após o acidente, e tento trazer o máximo de pessoas para o esporte. O esporte muda a vida de cada um, independentemente se for por hobby ou profissionalmente. A ideia da nossa comunicação é justamente trazer pessoas para o esporte, não necessariamente para o tiro esportivo em si. Se for para o tiro, legal, mas se não para qualquer esporte
Galgani conta que já começou os treinamentos visando Los Angeles-2028. "A medalha foi um sonho realizado. Não consegui bater minha meta, que é o ouro, mas foi uma vitória também muito grande. A primeira medalha do tiro paralímpico tem um sabor muito especial na minha vida. Começamos 2025 muito esperançosos com as próximas competições, treinando forte. Estou treinando desde janeiro para o novo ciclo, que já começou".
Alexandre conta que o pódio em Paris aumentou a visibilidade, mas lamenta que não tenha se convertido em um aumento de investimentos e cita uma politização do tiro no Brasil nos últimos anos.
Ganhamos bastante seguidores em redes sociais, estou dando mais palestras. A visibilidade, com certeza, aumentou bastante. E estamos trabalhando que aumentar cada vez mais para também dar maior visibilidade ao esporte olímpico e paralímpico; [Sobre patrocínio] Essa é a parte mais difícil pra gente do tiro porque o tiro, como é um esporte um pouco politizado, tem alguns obstáculos. Infelizmente, não abriu novas portas ainda, mas continuamos em busca. E todos os mais patrocinadores que já me acompanhavam permaneceram, graças a Deus, e estamos firmes nesse propósito