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Especialista vê espaço para investimentos de bets nos esportes olímpicos

José Francisco Manssur durante participação na CBC & Clubes Expo - Fotop / Divulgação CBC & Clubes Expo
José Francisco Manssur durante participação na CBC & Clubes Expo Imagem: Fotop / Divulgação CBC & Clubes Expo
do UOL

Do UOL, em Campinas (SP)

04/04/2025 05h30

Sócio de CSMV e ex-assessor Especial da Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda, responsável pela regulação das apostas esportivas e jogos online no Brasil, José Francisco Manssur vê espaço para que as bets passem a pulverizar aportes de patrocínio que hoje estão concentrados no futebol.

"O Brasil tem uma cultura monoesportiva. O brasileiro tem a percepção que o futebol atrai mais atenção, mas estamos mudando isso a cada Olimpíadas. A ideia é chamar essas outras entidades para que elas façam trabalho de marketing para mostrar às bets os benefícios para as marcas delas de investir nos esportes olímpicos e não olímpicos, para além do futebol", disse.

As bets têm dinheiro para investir, mas estão indo no automático. E, no automático, vão no futebol. Se elas conhecerem o trabalho, os números de adesão, mobilização, a ESG, a contrapartida social, tem grandes argumentos para fazer com que esse dinheiro, hoje muito concentrado no futebol, vá também para outras modalidades.
José Manssur

Ele participou do CBC & Clubes Expo, que aconteceu em Campinas, entre os dias 11 e 15 de março. Ele ministrou a palestra "As apostas, jogos online e seus efeitos para o esporte brasileiro", que contou também com Giovanni Rocco Neto, secretário nacional de apostas esportivas e desenvolvimento econômico do esporte. Ele esteve ainda no papo "Sindi Clubes SP - A constante busca da excelência na gestão dos clubes", ao lado de Gilson Calais.

Dados apresentados pelo advogado apontam que as apostas online cresceram 734,6% globalmente, entre 2021 e 2024, e movimentaram R$ 6 bilhões. Divulgou ainda um levantamento feito pela SimilarWeb, que apontou que sites de apostas tiveram 14,2 bilhões de acessos no mundo em 2022, e o Brasil como líder com 3,2 bilhões.

As empresas entenderam que têm de olhar para o social, ecológico, sustentável. Não é uma 'ajuda', é importante para a empresa. Se enxergar assim, é uma grande ferramenta. Tem clubes que formam centenas, milhares de jovens que, ligados a uma entidade esportiva, têm uma educação de qualidade, acesso à nutrição, conceitos de educação física, assistência social... Não precisa, necessariamente, formar o atleta de alto rendimento, mas o esporte traz esse legado.

"Acho que esse é o discurso: mostrar às bets o público de consumo que as modalidades têm. Está faltando iniciativa de buscar essas bets, despertar um pouco o interesse em buscar o dinheiro das empresas de apostas", apontou.

Os 20 clubes que integram a Série A do Brasileiro 2025 são patrocinados por empresas de apostas online. Destes, 90% ocupam o espaço de "patrocínio master", ou seja, o mais importante do uniforme — na parte frontal da camisa.

Manssur conta que, antes da regulamentação, foram achados quase 3,5 mil domínios. "Com a regulamentação, exige-se uma série de coisas, tem as taxas, certidões de todos os sócios... Hoje, estamos com 90 CNPJ's e cada um pode ter três marcas".

Ele acredita que esse movimento vai causar uma acomodação no mercado em termos de investimento. "Quando se usa o termo bolha, parece que vai explodir e acabar. Não é isso. Vai ter uma acomodação. Era mais em 2024 do que vai ser no mercado regulado? Sim, porque o mercado sem regulamentação não pagava impostos e tudo mais. Os valores vão chegar a um nível razoável, e ainda assim vai ter sobra de recurso de marketing para outras modalidades. Acredito em um processo que subiu, agora vai acomodar e vai caber a cada entidade ter argumentos para conseguir valores a mais".

O advogado ressalta que a divisão dos valores da aposta é de 88% para o operador e 12% para o governo, que divide para diversas pastas, dentre elas, a Saúde. "A população está sendo afetada com isso. A partir do mercado regulado, há uma intenção, com os serviços públicos de saúde para que possa atender o considerado viciado, tratar como uma patologia, e dar, não só o serviço prévio de conscientização, mas o pós, de oferecer a essas pessoas tratamento".

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