Brasil trocou de técnico 'às pressas' em 4 dos 5 títulos mundiais; relembre

Com a demissão de Dorival Júnior, o novo técnico da seleção brasileira assumirá o cargo faltando pouco mais de um ano para a Copa do Mundo. A situação não é nova e, curiosamente, tem dado certo: em quatro dos cinco títulos mundiais do Brasil, os treinadores assumiram 'às pressas' e levaram a seleção à conquista.
De Feola a Felipão
A Copa do Mundo de 2026 terá início em 11 de junho de 2026, um ano e três meses após a demissão do então treinador brasileiro, na reta final do ciclo.
O Brasil se acostumou a surpreender e ter sucesso em Copas do Mundo em que a preparação foi conturbada e precisou 'trocar o pneu com o carro andando', como agora, desde a primeira conquista.
Vicente Feola, primeiro técnico campeão do mundo com o Brasil, assumiu o cargo em fevereiro de 1958, mas comandou a equipe pela primeira vez em um jogo em maio, um mês antes da estreia na Copa da Suécia, que teve o pontapé inicial em 8 de junho daquele ano.
O Brasil goleou o Paraguai por 5 a 1 na sua estreia e foi à Copa, vencendo dois jogos e empatando um na fase de grupos. Despachou País de Gales e França nas quartas e semifinais, respectivamente, e bateu a dona da casa na final.
Feola adoeceu e não pôde seguir no comando da seleção, abrindo caminho para o retorno de Aymoré Moreira. O treinador assumiu o cargo em abril de 1961, um ano e um mês antes de começar o Mundial de 1962, no Chile.
Após repetir a campanha com duas vitórias e um empate na primeira fase, eliminou a Inglaterra nas quartas de final e o Chile na semifinal, derrotando a Tchecoslováquia na final.
Pulando para o tricampeonato em 1970, nova troca de emergência: João Saldanha acumulou conflitos com o presidente do Brasil à época, Emílio Garrastazu Médici, durante a ditadura militar, além de um relacionamento conturbado com Pelé.
Saldanha foi demitido e Zagallo assumiu a seleção faltando apenas dois meses para a Copa do Mundo.
O Velho Lobo comandou a campanha perfeita, vencendo todos os jogos do Mundial e goleando a Itália na final, para conquistar o tri.
O pentacampeonato também foi marcado por coincidências com o momento atual: o Brasil teve quatro técnicos nas Eliminatórias e correu o risco de ficar de fora da Copa do Mundo de 2002.
Após maus resultados de Luxemburgo, Emerson Leão e Candinho (foi interino por um jogo), Luiz Felipe Scolari assumiu em junho de 2001, a um ano da Copa.
Confirmando a classificação apenas na última rodada das eliminatórias, o Brasil chegou à Copa sob desconfiança, mas sagrou-se campeão após campanha perfeita, vencendo todos os jogos e batendo a Alemanha na final.
Parreira e o tetra escapam de 'sina'
Apenas em uma Copa do Mundo que o Brasil conquistou, o treinador teve mais tempo do que o próximo dono da cadeira: Carlos Alberto Parreira, em 1994.
O treinador assumiu o cargo em 1991, substituindo Paulo Roberto Falcão. Parreira comandou a seleção na Copa América de 1991 com um time alternativo e também sofreu para confirmar a vaga na Copa do Mundo dos Estados Unidos.
Precisando vencer o Uruguai para ir à Copa, o Brasil contou com dois gols de Romário, que Parreira relutava em convocar, mas cedeu ao apelo popular.
Com o brilho do Baixinho na Copa, o Brasil venceu dois e empatou um jogo na primeira fase. Despachou Estados Unidos, Holanda e Suécia, vencendo a Itália nos pênaltis e conquistando o tetra.
Fracassos em ciclos completos
Se por um lado o Brasil acumulou sucessos em 'emergências', treinadores longevos e de Copas consecutivas não conseguiram o título mais importante do futebol.
Telê Santana comandou a seleção em duas Copas consecutivas: 1982 e 1986, tendo deixado o cargo entre os dois Mundiais.
Nas duas ocasiões, o Brasil parou nas quartas de final: perdeu para a Itália em 1982 e caiu para a França nos pênaltis em 1986.
Outro treinador que teve oportunidade em duas Copas do Mundo consecutivas e não obteve êxito foi Tite. O gaúcho assumiu em 2016 e ficou até a Copa de 2022.
Comandante em 2018 e 2022, levou o Brasil às Copas da Rússia e do Qatar sem sofrer nas Eliminatórias, mas viu o sonho do hexa ser interrompido para a Bélgica e Croácia, respectivamente, ambas novamente nas quartas de final.
Se o Brasil costuma contrariar os prognósticos e ir bem em Copas após ciclos conturbados, instabilidade política e mau desempenho, esse é exatamente o cenário que o próximo treinador da seleção vai encontrar.
Jorge Jesus é o favorito da CBF para assumir o cargo, mas nomes como Ancelotti, Abel Ferreira, Artur Jorge e Guardiola também estão entre os alvos da seleção.