Jogador da várzea desafia estatísticas e assina com o Avaí aos 29 anos

Aos 29 anos, Gabriel Mendes desafia as estatísticas e as expectativas ao assinar com o Avaí para disputar a Série B do Campeonato Brasileiro.
O meia, que nunca passou pelas categorias de base de um clube, transformou o suor dos campos de terra da várzea paulistana em passaporte para o futebol profissional. Agora, ele carrega consigo não apenas a bola, mas também uma história de resiliência e fé.
O amor pelo futebol desde a infância
Natural de São Paulo, Mendes sempre teve o futebol como guia. "Desde meus 7 anos que me entendo por gente, sempre gostei de jogar futebol", recorda.
O ídolo da infância era Ronaldinho Gaúcho, mas seu estilo de jogo é diferente.
Ele é outro nível. Eu sou mais de achar passe, criar jogada, desafogar o jogo, ajudar o centroavante e o ponta. Sou um meia antigo
Sem formação na base, sem empresários, apenas com talento e determinação, Mendes forjou sua trajetória na várzea, enfrentando desafios diários.
"Eu comecei ganhando R$ 25 por jogo na Copa Kaiser. Depois, meu cachê foi aumentando e chegou a R$ 1.000 por jogo."
Entre idas e vindas, sempre que o futebol profissional não lhe dava espaço, ele voltava para a várzea, sem desistir do sonho.
A primeira porta se abriu aos 19 anos, no Barcelona de São Paulo, onde disputou a Bezinha (5ª divisão paulista). Rodou por clubes pequenos, jogou Estaduais pelo Brasil e, em 2024, encontrou sua maior oportunidade no Santa Catarina, clube que ajudou a conquistar o acesso para a elite do Estadual.
A consagração no Avaí
Ser contratado pelo Avaí é a realização de um sonho para Gabriel. "Milagre, não. Eu acredito que foi Deus. Ele colocou a mão e falou: chegou seu momento. Mas também foi meu trabalho, porque abdiquei de muita coisa para buscar isso."
Ele sabe que sua trajetória serve de inspiração. "Muita criança vai voltar a sonhar vendo minha história. Quem está na várzea com 22, 23 anos pode ver que ainda é possível. Futebol é oportunidade."
O sonho não tem idade
Gabriel Mendes tem objetivos grandiosos. "Meu maior sonho é chegar à seleção brasileira. Mas, no momento, quero jogar uma Série A."
Ele também lembra com emoção do pai, que morreu em 2020. "Ele ia dar salto mortal, pirueta. Sairia na rua gritando. Esse era o sonho dele também, e hoje eu estou realizando."
Agora no Avaí, Mendes quer se firmar e provar seu valor. "Meu contrato é de empréstimo até o final do ano. Quero aproveitar essa chance". Sobre salário, ele minimiza: "Aumentou um pouquinho, não tanto. Agora, o mais importante é aparecer no cenário do futebol".
A jornada de Mendes ensina que, para quem não desiste, a bola sempre pode rolar a favor. Aos 29 anos, ele prova que talento e persistência podem superar qualquer obstáculo.