Livro, vídeos e papos: como Bernardinho 'auxilia' o tenista João Fonseca

Sensação no tênis mundial, o brasileiro João Fonseca tem tido um apoio de luxo nos bastidores: Bernardinho, técnico bicampeão olímpico de vôlei. O multicampeão desconversa sobre algum tipo de mentoria, mas admite que mantém contato e dá até algumas indicações ao tenista.
Tivemos algumas pequenas interações. Estamos devendo um encontro presencial, para estarmos mais juntos. Tenho admirado. De vez em quando, mando algumas coisas. Mandei um vídeo quando ele perdeu uma partida, só para refletir. Bernardinho
Fonseca se tornou um dos nomes mais falados no tênis nos últimos meses. Em dezembro, ele foi campeão do ATP Next Gen Finals, aos 18 anos. Em fevereiro, se tornou o brasileiro mais jovem a ganhar um título de ATP ao levantar o troféu do ATP 250 de Buenos Aires. No último fim de semana, se sagrou campeão do Challenger de Phoenix, torneio do segundo escalão do tênis mundial (atrás dos ATPs 250 e 500, Masters 1000 e Grand Slams). Ontem, estreou com vitória no Masters 1000 de Miami.
Após a derrota de João na estreia do Rio Open, em fevereiro, Bernardinho presenteou o tenista com o livro "Cabeça de campeão", de François Ducasse e colaboração de Makis Chamalidis.
É aquela história: para comemorar, não me chama, não. Mas quando precisar, pode me chamar. Eu gosto disso. Mandei um livro para ele, o 'Cabeça de Campeão', para ele e o próprio Gui [Guilherme Teixeira, treinador]. São experiências feitas por dois psicólogos franceses, que são oriundos do tênis, e um deles trabalhou com a seleção de vôlei da França que ganhou o ouro em Paris. Portanto, um cara de experiência e capacidade enorme. Deixei na porta da casa dele, com uma dedicatória para eles. Mas estou muito confiante que ele vai fazer uma coisa bonita.
A relação de Bernardinho com João Fonseca vem de família. O treinador é amigo de Roberta Fonseca, mãe do atleta e que foi jogadora de vôlei. Ela atuou na base do Flamengo, na década de 80, e, mais recentemente, foi ouro no Vôlei Master, pela AABB-RJ.
Bernardinho contou, inclusive, que ouviu de Fonseca que foi presenteado pelo pai com o "Transformando suor em ouro", de autoria do treinador, e leu "em dois dias".
"Conheço a mãe dele, a Roberta, que jogou vôlei, e o Crico [Christiano Fonseca, pai]. Conheço a família toda. É uma relação bacana, um carinho absoluto. Ele é um garoto de um talento maravilhoso e, mais do que um talento, uma postura de atleta, na essência da palavra", conta.
O técnico da seleção masculina e do Sesc RJ Flamengo feminino esteve na CBC & Clubes Expo, onde apresentou a palestra " A cultura da excelência". Ele faz elogios a Guilherme Teixeira, treinador de João.
As vidas deles se cruzaram quando o tenista tinha apenas 12 anos, e ainda treinava no Country Club, no bairro de Ipanema (RJ). A evolução do jovem fez Guilherme não apenas iniciar a trajetória nos torneios de base, mas também foi o pontapé para um projeto voltado ao alto rendimento. Em 2022, ele criou a "Yes Tennis", que teve João como primeiro atleta.
"Tivemos algumas conversas, trocamos algumas coisas, mas nada... Ele tem a sorte de ter uma família muito estruturada, espetacular. Mais do que isso, um treinador admirável. O Gui é um jovem treinador que eu tenho uma admiração enorme", disse Bernardinho.
O técnico de vôlei confia que João vai trilhar um caminho de sucesso, mas ressalta que é necessária paciência para alcançar os títulos.
Posso garantir que o que mais tem me impressionado é a postura dele. A primeira coisa é que ele não arruma desculpa. Quando ele perde o jogo, nada de fita, coisa e tal. Cabeça! Ele sabe que é um processo. Ele, tão jovem, entende que é um processo, um aprendizado, um caminho longo e que não é fácil. A gente fala dos grandes campeões. Os três grandes ganharam 20 e tantos torneios. Quantos eles perderam? Tem de ter paciência. Bernardinho