Um equívoco na rede social a fez caminhar à presidência de uma confederação

Uma ligeira confusão com o nome de um perfil e uma resposta em rede social deram início a uma trajetória que terminou com a eleição como presidente de uma confederação. A história de Cristiane Kajiwara com o futebol americano começou em 2011 e de maneira inusitada.
Sou corintiana roxa, daquelas que tinha recorte de jornal, mas meus pais não deixavam eu ir ao estádio. Em 2011, quando rolou aquela febre do Twitter, segui um monte de perfil relacionado ao Corinthians. Um deles, o 'Corinthians FA'. Pensei que era voltado aos fãs do Corinthians. Eles mandaram um 'Salve, Fiel. Quem está online?', eu respondi e eles me responderam. Aí, fui entrar na bio e vi que 'FA' era futebol americano.
Cris Kajiwara
Cris não sabia que o Corinthians tinha um time de futebol americano, e a modalidade, até então, era um mundo distante. Porém, ela achou interessante e começou a seguir o perfil. Depois de um tempo, fez amizade com os administradores da página e conheceu Ricardo Trigo, que era o responsável pela equipe e hoje é presidente da Federação Paulista de Futebol Americano.
Fui assistir a um jogo, que era uma final de Brasileiro, e não entendia quase nada, mas achei muito legal. À época, eles estavam precisando de gente para ajudar na gestão e, como sou formada em administração, vi a oportunidade de estar próxima do meu clube de coração. Era a realização de um sonho. Comecei a ajudar e, depois, o Trigo encabeçou a formação da Federação Paulista, e pude auxiliar também nesta formação, organização de campeonato e tudo mais.
A Federação Paulista de Futebol Americano foi regulamentada em 2018. A partir daí, Cris deu novos passos na gestão do futebol americano até receber o convite para integrar a equipe da confederação brasileira. Foi em meio a essas mudanças que ela decidiu focar nesse caminho.
O pessoal da confederação reconheceu que vinha sendo feito um trabalho diferente, diferenciado, e, normalmente, os gestores eram ex-atletas. Então, fui com uma pegada diferente. Passando um tempo, o presidente renunciou [Ítalo Mingoni, em agosto de 2020]. E eu e outros diretores, à época, conversamos para fazermos alguma coisa. Já não era o primeiro presidente que renunciava. Ninguém estava acreditando muito, mas sabíamos que dava para fazer muita coisa.
Em 2021, Cris foi eleita pela primeira vez em eleição que teve apenas a chapa que ela encabeçava. Em 2024, ela foi reeleita. "Assumimos na época da pandemia. Ficamos quase um ano parados, sem receitas, sem caixa e com dívidas. Conseguimos fazer um trabalho bacana, apesar de todas as dificuldades. E isso ficou comprovado no ano passado, quando vencemos uma eleição com mais chapas, mas nos deram esse voto de confiança", disse.
Cris Kajiwara comenta a representatividade feminina à frente das instituições esportivas. "No último encontro do COB, ainda tinha a presidente da ginástica [Luciene Resende], que não está mais, a Magali [Moreira], do Remo, e eu. Mas vemos a liderança da própria Yane [Marques, vice do COB]. Percebemos que tem mais mulheres, como a Leila [Pereira] no Palmeiras, que tem alcançado sucesso. Esperamos cada vez que mais mulheres ocupem esse espaço, seja em clubes, federações ou confederações. No futebol americano, temos várias mulheres responsáveis por times de futebol americano ou de flag".