Garro encerrou seca de '10' e se credencia ao posto de ídolo do Corinthians
O Corinthians viveu uma 'seca' de grandes camisas 10 até a chegada de Rodrigo Garro. O último meia com características parecidas às do argentino a vestir a camisa do Timão foi Jadson, campeão brasileiro em 2015.
Quase uma década depois, Garro virou xodó da Fiel e tem potencial para ser o próximo ídolo estrangeiro do clube paulista.
Camisa 10 'raiz'
O Corinthians desembolsou cerca de US$ 6 milhões (R$ 30 milhões na cotação da época) por Garro, mas o investimento se provou bem feito em pouco tempo. Em uma temporada de oscilações no elenco, o meia foi um dos poucos atletas regulares em todo o ano, com um saldo de 13 gols e 14 assistências em 62 jogos.
Além da qualidade na bola parada, o estilo de camisa 10 'raiz' chama a atenção no jogador. O clube alvinegro viveu uma seca de meio-campistas de alto nível, inclusive pelas próprias mudanças técnicas do futebol moderno, mas Garro provou que ainda há espaço para o clássico que joga bonito.
O estilo do Garro faz tempo que o Corinthians não tinha. Aquele número 10 clássico que tem lançamento, que tem a criatividade, bate bem falta, aquele cara que é o principal jogador técnico e pensante do meio-campo de um time. Teve o Edilson lá atrás, que foi um ótimo camisa 10, mas era atacante. Ele não era um jogador de meio-campo. Depois, a numeração começou a ser fixa e a camisa 10 muitas vezes sumiu do cenário. Agora, o Garro é digno da camisa 10 mesmo. Ele entendeu a história do Corinthians, entendeu como que é jogar no Corinthians. Walter Casagrande, ex-jogador do Corinthians e colunista do UOL
O Danilo, que jogava com a 20, e o Renato Augusto, com a 8, eram, na prática, '10' que entregaram; no entanto, desde Jadson, que vestia a 10 e foi absurdamente dispensado pela aberração Tiago Nunes, que o Corinthians não tinha um jogador que vestia bem a camisa de Neto, Zenon, Edílson, Tévez Vitor Guedes, comentarista do UOL
Próximo ídolo argentino do Timão
Garro já projeta o que precisa fazer para ser ídolo do Timão, apesar de só vestir a camisa do clube há uma temporada. "Para mim é um orgulho o carinho das pessoas. Creio que para chegar a ser um grande ídolo do clube eu tenho que trabalhar mais, ganhar títulos, conquistar coisas", disse o jogador à ESPN, no Prêmio Bola de Prata.
E, de fato, o camisa 10 tem tudo para ser o próximo ídolo argentino do clube, depois de Carlos Tévez, campeão brasileiro em 2005. Aliás, a torcida alvinegra tem histórico de 'abraçar' os hermanos, casos de Herrera e Mascherano, ambos jogadores que se destacaram e viraram queridinhos.
Do berço de Messi à elite argentina
Nascido na mesma cidade de Lionel Messi, Rodrigo Garro só havia atuado em clubes da Argentina até os 26 anos. O primeiro e único time fora de seu país foi o Corinthians.
Aos 12 anos, Garro iniciou sua trajetória nas categorias de base do clube Sarmiento, que tinha parceria com a Fundação Leo Messi até anos atrás, em General Pico, a 600 km de onde nasceu.
Quatro anos mais tarde, o Atlético Rafaela, da segunda divisão argentina, abriu as portas para o canhoto. O jogador permaneceu no clube que leva o nome da cidade localizada na província de Santa Fé por quase dois anos. No entanto, ao completar a maioridade, ele foi dispensado.
Por fim, conseguiu um teste no Instituto de Córdoba, outra equipe da divisão inferior, que finalmente o lançou para o futebol argentino. O jogador saiu da reserva em pouquíssimo tempo.
Rapidamente recebeu proposta do Talleres, equipe da elite argentina, e foi eleito o melhor jogador do Campeonato Argentino em 2022. Na temporada seguinte, já chamou atenção de clubes estrangeiros.