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Conheça o ex-atleta que passou metade da vida na São Silvestre

do UOL

Do UOL, em São Paulo

29/12/2024 05h30

Júlio Deodoro dedicou 41 dos seus 80 anos de vida à Corrida Internacional de São Silvestre. Foi de corredor a diretor-geral da prova. E viu de perto as transformações ao longo das décadas.

Os primeiros passos na corrida

Júlio começou a correr na São Silvestre em 1963. Na época, apenas 150 atletas se classificavam para a final, e ele foi um dos poucos a conseguir essa façanha.

A São Silvestre sempre esteve na minha vida. Mesmo após uma ruptura de tendão de Aquiles em 1974, continuei a participar, caminhando e correndo.
Júlio Deodoro, em entrevista ao UOL

Sua paixão pela corrida o levou a se formar em jornalismo em 1978 e a estagiar na Gazeta Esportiva, onde começou sua jornada como organizador da prova.

Mudanças e inovações

Júlio destaca que, até 1978, a corrida era realizada à noite e contava com 500 atletas de elite, os convidados de outros países, os campeões dos estados e das seletivas.

"Em 1979, atendendo ao pedido do público, abrimos as portas para todos. Passamos de 500 para 2.800 inscritos em um único ano e continuou a noite, até 1988", conta. Essa mudança não apenas democratizou a prova, mas também trouxe desafios logísticos, como a escolha do percurso.

Em 1980, Júlio assumiu a direção-geral da corrida e implementou inovações importantes, como o pelotão de elite, que garantiu que os atletas brasileiros competissem lado a lado com os estrangeiros. Essa decisão foi crucial para o crescimento da prova que, em 1988, já contava com 10 mil inscritos. Em 1989 a prova passou a ser realizada no período da tarde.

Carlos Lopes  vencedor da São Silvestre 1984 com Júlio Deodoro organizador  - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
Carlos Lopes, vencedor da São Silvestre 1984, com Júlio Deodoro
Imagem: Arquivo pessoal

A importância da TV Globo

A partir de 1982, com a transmissão da corrida pela TV Globo, a São Silvestre alcançou uma nova dimensão.

"A Globo trouxe visibilidade e credibilidade à prova, e a partir da vitória de José João em 1980, o interesse só cresceu", afirma Júlio.

A mudança do horário da corrida, que passou a ser realizada durante o dia em 1989, foi uma exigência para melhorar a cobertura televisiva e a segurança dos participantes.

Inclusão e diversidade

A inclusão de cadeirantes na prova em 1994 e a criação da São Silvestrinha, que incentiva jovens atletas, são exemplos da diversidade da prova.

"A São Silvestre se tornou um evento que acolhe todos, independentemente da idade ou condição física", explica Júlio, que também lembra da criação de categorias para veteranos, permitindo que corredores acima de 80 anos participem.

Desafios e legado

Com o cancelamento da prova em 2020 devido à pandemia, a 99ª edição, marcada para 31 de dezembro de 2024, será um momento de celebração e reflexão.

"Meu sonho era entregar a centésima edição, mas a vida nos apresenta desafios. A São Silvestre é um legado que vai além de mim", conclui Deodoro, que se despediu da direção em 2019, mas continua a acompanhar a prova com carinho.

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