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Atletas do breaking aproveitam febre após Paris-24: 'Recebo para treinar'

Mini Japa em ação durante o Red Bull BC One, no Rio - Fabio Piva/Red Bull Content Pool
Mini Japa em ação durante o Red Bull BC One, no Rio Imagem: Fabio Piva/Red Bull Content Pool
do UOL

Do UOL, no Rio de Janeiro

16/12/2024 05h30

O breaking fez a estreia em Jogos Olímpicos na edição de Paris, porém, está fora da programação para Los Angeles-2028. Mas como o movimento olímpico impactou na vida dos b-boys e b-girls brasileiros?

O UOL conversou com alguns dos principais nomes do país na modalidade, como as b-girls Mini Japa e Toquinha e o b-boy Leony, sobre o tema e a expectativa para o futuro. Atualmente, o breaking tem algumas grandes competições, como o Red Bull BC One, a maior disputa de 1x1 do mundo, que ocorreu no Rio de Janeiro no início de dezembro.

Os brasileiros foram unânimes em apontar benefícios para a entrada do breaking no calendário olímpico. Naiara Xavier, conhecida como Toquinha, por exemplo, é uma das atletas que integra o Time Petrobrás — para o ciclo que incluiu o Pan e Parapan de Santiago-2023 e Olimpíadas e Paralimpíadas de Paris, o patrocínio da estatal chegou a R$ 14,3 milhões.

Ser, hoje, uma atleta olímpica mudou muito a minha vida. Antes, eu não tinha condições de custear uma viagem para competir em outro estado, comprar um tênis, que é a principal ferramenta de um b-boy e uma b-girl, melhor para dançar. Eu não sabia que precisava tanto desse apoio, e ter isso mudou a minha vida. É muito importante para mim e para todas as pessoas da cena, ainda mais aqui no Brasil, em que as pessoas têm poucas oportunidades. Vejo como uma luz.
Toquinha

Leony salientou o aumento da visibilidade que os Jogos trouxeram ao breaking, e não escondeu a expectativa para que a modalidade possa voltar ao programa olímpico. O b-boy, que "fez de tudo" e foi também camelô antes de seguir os passos na modalidade, tem parceria com marcas como Red Bull, Adidas e Spotify Brasil.

O passo olímpico foi maravilhoso. Ajudou muito em uma coisa que precisávamos. Graças aos Jogos Olímpicos, o fato de o breaking virar um esporte quebrou uma bolha e muita gente passou a conhecer. Precisávamos um pouco mais de exposição, que as pessoas conhecessem, e estou muito feliz de fazer parte disso. Fui até o final [das classificatórias], fiquei feliz mesmo assim. Foi um passo importante e esperamos que continue. Já temos a confirmação nos World Games, X-Games e outros eventos, e esperamos que essa febre continue para que o breaking cresça mais e mais.
Leony

Mini Japa, que também participou das classificatórias para Paris, lembra que, graças aos patrocínios que as Olimpíadas trouxeram, pôde deixar de vender café nas ruas de Terra Firme, em Belém. Ela também tem o incentivo do Spotify Brasil e Adidas.

Há um tempo, para viver bem de breaking, íamos para as companhias e abríamos mão das competições, que é algo que gostamos. Quando acontece esse recorte olímpico, abre-se um leque de possibilidades.
Mini Japa

Eu acordava às 4h para vender café com a minha mãe. Quando acontece esse recorte olímpico, tudo volta para o breaking. As pessoas procuram saber quem são os melhores, e quando ganhamos esses patrocínios -- eu fui uma das pessoas abençoadas -- conseguimos ter uma estabilidade. Eu dormia pensando: 'amanhã tenho de fazer um dinheiro porque tenho de ir para o treino', e hoje recebo para treinar. Para mim, foi maravilhoso e espero que continue assim. Para o Brasil e América Latina foi muito bom.
Mini Japa

O Comitê Olímpico Internacional (COI) confirmou o breaking na edição de Paris em dezembro de 2020 — em Tóquio já havia acontecido as inclusões do surfe, skate e escalada. Tais movimentos fizeram parte de um olhar do comitê organizador dos Jogos para o público jovem.

"Com este programa estamos fazendo os Jogos Olímpicos de Paris 2024 prontos para o mundo pós-coronavírus. Estamos reduzindo o custo e a complexidade de receber os Jogos. Vamos ver pela primeira vez na história olímpica a participação de exatamente o mesmo número de atletas homens e mulheres. Também há um grande foco na juventude", disse Thomas Bach, presidente do COI, à época.

O COB divulgou, no último dia 10, que a Assembleia Geral aprovou, por unanimidade, o orçamento de R$ 594 milhões para o exercício de 2025. Do investimento direto nas Confederações, os R$ 265 milhões que serão distribuídos indicam um crescimento de 240% desde 2017, no início da gestão do presidente Paulo Wanderley — ele deixa o cargo ao fim do ano e será substituído por Marco La Porta, eleito em pleito realizado em outubro.

Ainda em nota, a instituição sinalizou que "além do orçamento, a Assembleia aprovou o Planejamento Estratégico do COB para o ciclo 2025-2028. O mesmo deverá ser referendado na primeira Assembleia da nova gestão, em abril. Ainda foi aprovada uma atualização estatutária para que o Conselho Nacional de Dança Desportiva seja reenquadrado como entidade reconhecida, uma vez que o breaking deixou o programa olímpico após Paris 2024".

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