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Rodada final do Brasileirão reforça gangorra maluca do futebol nacional

do UOL

Do UOL, no Rio de Janeiro

09/12/2024 05h30

A última rodada do Brasileirão 2024 teve emoção até o apito final. E o reforço na ideia de que o futebol é dinâmico.

Nesse parque de diversões, tem muita gente passando pela gangorra. Certezas em um dia podem não valer mais em um outro. Quanto mais se esse olhar for ampliado para semanas, meses e o ano passado.

O renascimento do campeão

De todo modo, não dá para discutir em 2024 a eficácia apresentada pelo Botafogo. Os últimos dias têm sido mágicos.

O Botafogo confirmou a segunda conquista relevante no segundo fim de semana consecutivo. Depois da Libertadores, veio o título da Série A.

E pensar que esse time foi o protagonista de um esfacelamento técnico e psicológico na corrida pela taça em 2023.

Quem classificou o Botafogo atual como pipoqueiro por causa de derrapadas relativamente recentes e — até da perda da liderança antes de enfrentar o Palmeiras — agora talvez tenha se engasgado.

O time não titubeou na hora crucial. Empilhou taças. No jogo derradeiro, contra o São Paulo, uma vitória sem muitos dramas, apesar de ter levado o empate no segundo tempo.

O Botafogo não para. O ano não acabou. Ainda há o Intercontinental pela frente, já nesta quarta-feira. Enquanto isso, os concorrentes brasileiros entram de férias.

Dos vices ao sufoco

O Atlético-MG foi finalista da Copa do Brasil e da Libertadores.

Mas como um time que foi tão bem nas Copas — o River Plate que o diga — pode ter chegado à última rodada do Brasileirão com tamanho drama?

Gangorra.

Negligência por um lado, problemas físicos e táticos por outro e até a ausência da torcida na reta final ajudam a entender o cenário.

De toda forma, o time respondeu quando a água bateu no pescoço. Venceu o Athletico, se salvou da queda e vai jogar a Sul-Americana ano que vem.

A dúvida que fica: qual é a real versão do Atlético-MG?

O campeão da Libertadores quase caiu

A gangorra deste ano jogou o Fluminense do status de campeão da Libertadores para um time que não foi rebaixado por um triz.

A ponto de Thiago Silva atravessar o Allianz Parque de joelhos após a vitória salvadora diante do Palmeiras.

O primeiro turno tricolor foi tosco e sofrível. Chegou a bater na lanterna. Mas iniciou a reação com Mano Menezes.

Poderia, em tese, ter vida mais fácil? Sim, mas Germán Cano não foi tão matador quanto no ano passado, Ganso foi menos brilhante, o time coletivamente rendeu menos e Marcelo, bem, nem ficou até o fim.

Finalista da Libertadores 2022. Dois anos depois, rebaixado

Um clube que se apresentou como vanguardista na aplicação de sintético. Emergente consistente nos últimos anos. Boa arrecadação com venda de jogadores e ambição de se firmar entre os grandes.

O Athletico vai ter que dar uma pausa nisso aí. Porque a realidade na gangorra é a Série B. E pensar que o time chegou a brigar por G4 no primeiro turno do campeonato.

Mas degringolou. Como último ato, precisava vencer o Atlético-MG para se salvar. Não conseguiu.

Assim como não venceu o Red Bull Bragantino em Curitiba. Chegou a fazer 1 a 1, resultado que mandava justamente o time do interior paulista para a Segundona. Não conseguiu. E viu os planos de um centenário glorioso virarem piada.

Show do Sasha

O que dizer do que foi Eduardo Sasha nessa reta final do Brasileirão?

O Red Bull Bragantino parece que tinha perdido suas asas. Estava em queda livre. Bateu na zona de rebaixamento e precisaria de uma reação improvável. Tanto que isso custou até o emprego do técnico Pedro Caixinha.

Nos últimos quatro jogos, cinco gols de Sasha. Não só pelos gols em si. Mas foram cinco pontos conquistados diretamente por causa dele(s).

O último ato dessa gangorra foi com a goleada sobre o já rebaixado Criciúma. O Red Bull empurrou o problema para outro e sobreviveu.

E pensar que também fizera campanha exemplar no ano passado, terminando em sexto. No começo do ano, estava brigando na pré-Libertadores com quem? O Botafogo. E no fim, a temporada dos dois foi tão diferente.

Adeus de Gabigol ao Fla

Gols em finais, protagonismo em títulos e uma relação de idolatria. Como isso pode acabar?

O ponto final contratual entre Flamengo e Gabigol chegou. Teve até gol dele para coroar o dia inesquecível no Maracanã.

"Hoje é o dia em que me torno imortal", disse o camisa 99 — ex-10.

O empate com o Vitória foi só um detalhe para esse Flamengo que já estava confirmado na terceira posição do Brasileirão e pelo menos foi campeão da Copa do Brasil — com dois de Gabigol no jogo de ida da final.

Gabigol fica na história do Flamengo. Mas agora os dois terão caminhos distintos.

Além da promessa de voltar um dia, teve espaço também para mais uma alfinetada na diretoria do Fla, capitaneada pelo presidente Rodolfo Landim — na véspera da eleição do clube.

Eu tenho palavra, diferente de outras pessoas. Meus pais me criaram como homem, e acho que a coisa mais honrosa do homem é ter palavra. Não tiveram palavra comigo, mas minha palavra é mantida, eu não vou ficar.

Diniz revoltado

A gangorra entre 2023 e 2024 na carreira de Fernando Diniz foi nítida.

A sensação no Brasileirão é que o Fluminense só não foi rebaixado porque ele saiu cedo o suficiente.

E o Cruzeiro só não brigou para não cair porque o técnico chegou tarde o suficiente.

Como último ato, até venceu o Juventude. O Cruzeiro, que poderia ter criado um G9 no Brasileirão se tivesse vencido a Sul-Americana, ficou em nono. Fora da Libertadores.

Diniz fora do clube? A hipótese noticiada pela imprensa mineira até abriu brecha para uma manifestação acalorada do treinador na última coletiva do Brasileirão.

Me sinto extremamente desrespeitado, porque estou sabendo pela imprensa. A imprensa sabe antes, a gente vive mais para fora do que para dentro. Ninguém virou para mim e disse que estou demitido. Eu espero que isso seja mentira (a demissão), porque eu custo a acreditar que uma pessoa chega para mim e fala: 'Você está até o final de 25, pelo menos'. Depois de uma semana, você está fora do negócio.

Bora, Bahia

Rogério Ceni era "burro" em outubro. Em dezembro, técnico de vanguarda.

Esse time era "covarde" em novembro. Em dezembro, primeira classificação à Libertadores em 35 anos.

O Bahia não foi constante no Brasileirão. E isso fez a torcida duvidar. Mas o desfecho do Brasileirão veio com o até honroso oitavo lugar.

O último assento para a Libertadores. Vai ter que jogar a fase prévia aos grupos, mas a SAF ligada ao Grupo City quebrou um jejum de mais de três décadas fora da principal competição do continente.

No fim, uma vitória tranquila sobre o lanterna Atlético-GO e carnaval na Arena Fonte Nova.

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